Tudo sobre a oração do Rosário

Que a Santíssima Virgem Maria interceda por nós em nossas orações.


Introdução

Olá a todos. Esse provavelmente é um dos posts mais importantes de todos que eu escrevi. O Rosário é a devoção que para mais me impactou no meu processo de conversão (que ainda está longe de acabar). Espero que você gostem do post e que ele faça com que vocês descubram o grande tesouro que é o Rosário.

Primeiramente, o que é o Rosário ? O Rosário ou também chamado de terço é um objeto sagrado composto por um cordão de contas interligadas, geralmente feito de madeira, plástico, vidro ou metais preciosos como ouro e prata. Ele é dividido em cinco grupos de dez contas menores, chamadas "dezenas", intercaladas por contas maiores que marcam a recitação do Pai-Nosso. No início do Rosário, há um crucifixo seguido por uma pequena sequência de contas representando as orações iniciais: o Credo, um Pai-Nosso e três Ave-Marias.

O Rosário tradicional possui um formato circular ou ovalado, permitindo que os fiéis possam segurá-lo confortavelmente nas mãos durante a oração. Algumas versões modernas incluem medalhas devocionais com imagens de santos ou de Nossa Senhora. Em geral, ele é projetado para auxiliar na contagem das orações e na meditação dos mistérios, tornando-se um símbolo visível da fé católica.

História e evolução do Rosário

O Rosário é uma das mais belas e tradicionais orações do cristianismo, especialmente na Igreja Católica. Sua história remonta a séculos e está profundamente enraizada na devoção mariana. A palavra "Rosário" vem do latim "rosarium", que significa "coroa de rosas". Segundo a tradição, cada Ave-Maria recitada no Rosário representa uma rosa oferecida à Virgem Maria.

A origem do Rosário está ligada às práticas monásticas da Idade Média, quando os monges recitavam os 150 Salmos como parte de sua rotina espiritual. Como essa prática era difícil para os leigos, desenvolveu-se uma forma simplificada de oração, baseada na repetição do Pai-Nosso e da Ave-Maria. Inicialmente, as pessoas utilizavam pedrinhas ou cordões com nós para contar as orações.

A estrutura do Rosário como conhecemos hoje começou a tomar forma no século XIII. A tradição atribui a São Domingos de Gusmão a difusão dessa devoção, após uma aparição da Virgem Maria. Segundo relatos, Maria teria ensinado a São Domingos o Rosário como uma poderosa arma espiritual para combater as heresias da época, especialmente a dos albigenses. A partir de então, os dominicanos passaram a divulgar essa oração.

No século XV, o monge dominicano Alano de la Rocha sistematizou a prática do Rosário em três conjuntos de mistérios: Gozosos, Dolorosos e Gloriosos. Cada um desses mistérios reflete momentos importantes da vida de Jesus Cristo e de Maria, e o Rosário passou a ser composto por 150 Ave-Marias, divididas em 15 dezenas, intercaladas com o Pai-Nosso e a meditação dos mistérios.

A oração do Rosário recebeu grande impulso com a Batalha de Lepanto, em 1571. O Papa São Pio V pediu que os fiéis rezassem o Rosário para obter a proteção da Virgem Maria contra a invasão otomana. A vitória dos cristãos foi atribuída à intercessão de Nossa Senhora, e, em agradecimento, o Papa instituiu a festa de Nossa Senhora do Rosário, celebrada em 7 de outubro.

Ao longo dos séculos, diversos papas incentivaram essa devoção. O Papa Leão XIII, no século XIX, foi um dos grandes promotores do Rosário, recomendando sua recitação diária. No século XX, Nossa Senhora de Fátima reforçou a importância dessa oração em suas aparições, pedindo que fosse rezado diariamente pela paz no mundo.

Em 2002, São João Paulo II acrescentou um novo conjunto de mistérios ao Rosário: os Mistérios Luminosos, que contemplam momentos da vida pública de Jesus, como o Batismo no Jordão, as Bodas de Caná, a Proclamação do Reino de Deus, a Transfiguração e a Instituição da Eucaristia. Com isso, o Rosário passou a ter 20 mistérios, divididos em quatro grupos.

Aparições e promessas de Nossa Senhora

Nossa Senhora do Rosário - São Domingos de Gusmão (século XIII)

Texto extraído e adaptado do Livro a Eficácia Maravilhosa do Santíssimo Rosário

O Santo Rosário, na forma como é rezado presentemente, foi inspirado à Igreja e dado pela Santíssima Virgem a São Domingos, no ano de 1214, para converter os hereges albigenses e os pecadores, conforme relatou o Beato Alano de la Roche.

São Domingos, vendo que os pecados dos homens impediam a conversão dos hereges albigenses, entrou numa floresta próxima a Toulouse e lá passou três dias e três noites em contínua oração e penitência. Para acalmar a cólera de Deus, não cessava de gemer, chorar e macerar o corpo com golpes de disciplina, a ponto de cair esgotado.

A Virgem então lhe apareceu, acompanhada de três princesas do Céu, e lhe disse:

  • Se queres ganhar para Deus esses corações endurecidos, prega o meu Rosário.

O santo se levantou consoladíssimo e, ardendo de zelo pela salvação das almas, entrou na catedral. Imediatamente, os sinos foram tocados por anjos para reunir os habitantes.

No começo da pregação, houve uma tempestade espantosa; a terra tremeu, o sol se obscureceu, e trovões e relâmpagos repetidos fizeram estremecer e empalidecer os ouvintes. Seu terror aumentou ainda mais quando viram uma imagem da Virgem, exposta em lugar de destaque, erguer os braços três vezes para o Céu, pedindo vingança a Deus contra eles, caso não se convertessem e não recorressem à proteção da Mãe de Deus.

O Céu queria, com esses prodígios, promover a nova devoção do Rosário e torná-la mais conhecida.

A tempestade cessou, afinal, pelas orações de São Domingos. Ele prosseguiu a pregação e explicou com tanto fervor e entusiasmo a excelência do Santo Rosário que quase todos os habitantes de Toulouse o adotaram e renunciaram a seus erros. Em pouco tempo, notou-se uma grande mudança nos costumes e na vida da cidade.

O estabelecimento do Rosário, dessa forma prodigiosa, faz recordar o modo como Deus promulgou sua lei no Monte Sinai e torna manifesta a excelência dessa devoção.

São Domingos, inspirado pelo Espírito Santo, instruído pela Santíssima Virgem e por sua própria experiência, pregou o Rosário durante toda a sua vida. Divulgou-o tanto pelo exemplo quanto pela palavra, nas cidades e nos campos, diante dos grandes e dos pequenos, dos sábios e dos ignorantes, dos católicos e dos hereges.

Enquanto os pregadores difundiam, a exemplo de São Domingos, o Santo Rosário, a piedade e o fervor floresciam nas Ordens religiosas que praticavam essa devoção e no mundo cristão em geral. No entanto, quando se negligenciou esse presente vindo do Céu, pecados e desordens se espalharam por toda parte.

A devoção ao Rosário se manteve fervorosa por cerca de cem anos após sua instituição, mas depois caiu quase no esquecimento. A malícia e a inveja do demônio certamente contribuíram para esse abandono, interrompendo o fluxo das graças que o Rosário trazia ao mundo.

A Justiça divina castigou os reinos da Europa, a partir do ano de 1349, com a mais terrível peste que jamais se vira. Surgida no Oriente, espalhou-se pela Itália, Alemanha, França, Polônia e Hungria, devastando todas essas terras, de modo que, de cem homens, apenas um sobrevivia. Durante os três anos que durou a epidemia, cidades, aldeias e mosteiros foram despovoados. A esse flagelo de Deus ainda se seguiram outros castigos.

Quando, pela misericórdia divina, essas misérias cessaram, a Virgem ordenou ao Beato Alano de la Roche, célebre doutor e famoso pregador da Ordem Dominicana, que restabelecesse a antiga Confraria do Santo Rosário.

Desde o estabelecimento do Rosário por São Domingos até 1460, quando o Beato Alano o restaurou por ordem do Céu, essa devoção era chamada de "Saltério de Jesus e da Virgem", pois continha 150 Ave-Marias, o mesmo número dos Salmos de Davi.

Depois disso, a voz pública — que é a voz de Deus — passou a chamá-lo de Rosário, que significa "coroa de rosas". A Santíssima Virgem aprovou e confirmou esse nome, revelando a várias pessoas que, ao rezarem, Lhe ofereciam tantas rosas agradáveis quantas Ave-Marias recitassem e tantas coroas de rosas quantos Rosários completassem.

O Irmão Afonso Rodríguez, da Companhia de Jesus, recitava o Rosário com ardor e via frequentemente, a cada Pai-Nosso, sair de sua boca uma rosa vermelha e, a cada Ave-Maria, uma branca, iguais em beleza e perfume, diferenciando-se apenas na cor.

As crônicas franciscanas relatam que um jovem religioso tinha o louvável costume de rezar o terço diariamente antes da refeição. Um dia, por uma razão qualquer, não o rezou. Quando tocou o sino para a refeição, ele conseguiu do superior permissão para rezá-lo antes de ir à mesa.

Como demorasse demais, o superior enviou um religioso para chamá-lo. Esse religioso o encontrou na cela, toda iluminada por uma luz celestial, e viu a Santíssima Virgem acompanhada de dois anjos. À medida que o jovem religioso rezava as Ave-Marias, belas rosas saíam de sua boca, e os anjos as recolhiam uma a uma, colocando-as sobre a cabeça da Virgem, que manifestava seu agrado.

Dois outros religiosos, enviados pelo superior para verificar a causa do atraso, também presenciaram a cena. A Virgem só desapareceu quando o terço foi inteiramente rezado.

O Rosário é, portanto, uma grande coroa, e o terço, um diadema ou uma pequena coroa de rosas celestes que se coloca sobre a cabeça de Jesus e Maria.Não é possível expressar o quanto a Virgem estima o Rosário acima de todas as devoções e como Ela é generosa em recompensar aqueles que o pregam e o difundem. Pelo contrário, Ela é terrível contra aqueles que se opõem a essa prática.

Enquanto viveu, São Domingos teve como principal empenho louvar a Santíssima Virgem, pregar suas grandezas e incentivar todas as pessoas a honrá-La por meio do Rosário. Em contrapartida, a poderosa Rainha do Céu nunca cessou de derramar abundantes bênçãos sobre ele e coroou seus trabalhos com prodígios e milagres.

São Domingos jamais pediu algo a Deus pela intercessão da Virgem sem ser atendido. Como o maior dos favores, Ela o fez vitorioso sobre a heresia dos albigenses e o tornou Pai e Patriarca de uma grande Ordem religiosa.

A Virgem não apenas favorece os pregadores do Rosário, mas também recompensa aqueles que, pelo exemplo, atraem outras pessoas a essa devoção.

Afonso, rei de Leão e da Galícia, desejava que todos os seus servidores honrassem Maria Santíssima rezando o Rosário. Para animá-los com seu exemplo, passou a carregar ostensivamente um grande Rosário, embora ele mesmo não o rezasse. O efeito foi que todas as pessoas da Corte se sentiram obrigadas a adotá-lo.

Aconteceu que o rei caiu gravemente doente e, quando já o julgavam morto, foi arrebatado em espírito ao tribunal de Jesus Cristo. Ali, viu os demônios acusando-o de todos os pecados cometidos, e o Juiz já estava a ponto de condená-lo às penas eternas.

Nesse momento, a Virgem Santíssima apresentou-se diante de Seu Filho e intercedeu por Afonso. Trouxeram, então, uma balança, na qual foram colocados, de um lado, todos os pecados do rei e, do outro, o grande Rosário que ele carregava em honra de Maria, bem como as orações daqueles que, por seu exemplo, tinham aprendido a rezá-lo. Para surpresa de todos, esse último prato pesou mais do que o dos pecados.

Olhando-o com ternura, a Virgem lhe disse:

— Obtive de meu Filho, como recompensa pelo pequeno serviço que Me prestaste ao levar o Meu Rosário, o prolongamento de tua vida por mais alguns anos. Emprega-os bem e faz penitência.

Ao sair do arrebatamento, Afonso exclamou:

— Ó bem-aventurado Rosário da Santíssima Virgem, pelo qual fui liberto da condenação eterna!

Após esse episódio, ele recuperou a saúde e passou o resto de sua vida rezando o Rosário diariamente.

Ainda que a devoção do Rosário tenha sido autorizada pelo Céu por meio de muitos prodígios e tenha sido aprovada pela Igreja por diversas bulas papais, sempre se encontram depravados, ímpios e "espíritos fortes" que procuram desacreditá-la ou, pelo menos, afastar dela os fiéis.

É fácil reconhecer que suas línguas são infectadas pelo veneno do inferno e que eles são conduzidos pelo espírito maligno, pois ninguém pode desaprovar o santo Rosário sem condenar o que há de mais piedoso na religião cristã: o Pai-Nosso, a Ave-Maria e os mistérios da vida, morte e glória de Jesus Cristo e de Sua santa Mãe.

Se São Boaventura teve razão ao dizer que morrerá no pecado e será condenado aquele que desprezar a Santíssima Virgem, que castigos não devem esperar aqueles que afastam os outros de sua devoção?

Quando São Domingos pregava em Carcassonne, um herege fazia brincadeiras com seus milagres e com os quinze mistérios do Rosário, impedindo a conversão de outros hereges. Para punir esse ímpio, Deus permitiu que quinze mil demônios entrassem em seu corpo. Seus pais, desesperados, levaram-no ao Santo, suplicando que o libertasse daqueles espíritos malignos.

São Domingos se pôs em oração e exortou todos a rezarem o Rosário com ele, em voz alta. Eis que, a cada Ave-Maria, a Santíssima Virgem fazia sair cem demônios do corpo daquele herege, sob a forma de carvões ardentes. Depois de libertado de todos os demônios que o possuíam, ele abjurou seus erros e se converteu, juntamente com muitos de seus correligionários, impressionados pelo castigo e pela força do Rosário.

Não duvido que os espíritos críticos e orgulhosos deste tempo coloquem em dúvida os relatos deste pequeno tratado, como sempre fizeram. No entanto, limitei-me a transcrever excelentes autores contemporâneos e, em parte, um livro recentemente composto pelo Padre Antonin Thomas, da Ordem Dominicana, intitulado O Rosário Místico.

Toda gente sabe que há três espécies de fé para as diversas narrativas:

  1. Às histórias narradas na Sagrada Escritura, devemos uma fé divina.
  2. Às histórias profanas, que não repugnam à razão e são escritas por bons autores, devemos uma fé humana.
  3. Às histórias piedosas, contadas por bons autores e que em nada contrariam a razão, a fé e os bons costumes — ainda que sejam, por vezes, extraordinárias —, devemos uma fé piedosa.

Não se deve ser nem crédulo demais nem crítico em excesso; é preciso manter o equilíbrio para, dessa forma, encontrar o caminho da verdade e da virtude. Assim como a caridade crê facilmente em tudo o que não é contrário à fé nem aos bons costumes, o orgulho leva a negar quase todas as narrativas bem confirmadas, sob o pretexto de que não estão na Escritura.

Esse é um artifício de Satanás, no qual caíram os hereges que negam a Tradição, e no qual caem, sem perceber, os críticos de hoje. Movidos unicamente pelo orgulho e pela autossuficiência, não creem naquilo que não compreendem ou que lhes desagrada.

Nossa Senhora de Fátima (1917)

Em 1917, o mundo estava imerso na Primeira Guerra Mundial, e a Europa enfrentava grandes dificuldades. A situação política e social era tensa, e muitos buscavam esperança e consolo em sua fé. Nesse contexto, as aparições de Fátima surgiram como um chamado à conversão e à oração.

As aparições começaram em 13 de maio de 1917, quando as crianças estavam pastoreando suas ovelhas. Elas relataram ter visto uma "Senhora mais brilhante que o sol", que lhes pediu que voltassem ao mesmo local nos dias 13 de cada mês até outubro. Durante essas aparições, Nossa Senhora transmitiu mensagens importantes, que incluíam:

  1. Chamado à Conversão: A Virgem Maria pediu que as pessoas se convertessem e se afastassem do pecado, enfatizando a necessidade de oração, especialmente o Rosário, como meio de alcançar a paz e a salvação.
  2. Revelação dos Mistérios: Durante as aparições, Nossa Senhora revelou três segredos a Lúcia, que incluíam visões sobre a guerra, a perseguição à Igreja e a necessidade de devoção ao Imaculado Coração de Maria.
  3. O Milagre do Sol: No dia 13 de outubro de 1917, uma multidão de aproximadamente 70.000 pessoas se reuniu na Cova da Iria para testemunhar o que ficou conhecido como o "Milagre do Sol". Após a aparição, o sol pareceu dançar no céu, emitindo luzes coloridas e secando o chão molhado pela chuva, um evento que foi interpretado como uma confirmação divina das mensagens de Nossa Senhora.

As aparições de Fátima foram oficialmente reconhecidas pela Igreja Católica em 1930, e o Santuário de Fátima tornou-se um dos locais de peregrinação mais importantes do mundo. A devoção a Nossa Senhora de Fátima se espalhou globalmente, e muitos fiéis buscam a intercessão da Virgem Maria em suas vidas.

Em 2000, o Papa João Paulo II beatificou Francisco e Jacinta Marto, e em 2017, durante o centenário das aparições, ele canonizou os dois pastorinhos, reconhecendo sua santidade e a importância de suas experiências.

Mensagem de Fátima

A mensagem de Fátima é frequentemente resumida em três aspectos principais:

  • Conversão e Penitência: A necessidade de se converter e fazer penitência pelos pecados.
  • Oração: A importância da oração, especialmente a recitação do Rosário, como meio de alcançar a paz e a salvação.
  • Devoção ao Imaculado Coração de Maria: A promoção da devoção ao Coração Imaculado de Maria como um caminho para a paz e a proteção contra os males do mundo.

Santos que promoveram o Rosário

São Luís Maria Grignion de Montfort

Quem rezar o Rosário fiel e devotamente, até o fim da vida, ainda que seja grande pecador, pode crer que receberá uma coroa de glória que jamais fenecerá (Pe 5,4). Ainda que estivéveis na beira do abismo, ainda que já tivésseis um pé no inferno, ainda que tivésseis vendido vossa alma ao demônio, ainda que fôsseis um herege empedernido e obstinado, vós vos converteríeis mais cedo ou mais tarde e vos salvaríeis - desde que (notai bem as minhas palavras) rezásseis todos os dias o Santo Rosário, devotamente, até à morte, para conhecer a verdade e obter a contrição e o perdão de vossos pecados.

(A eficácia maravilhosa do Santo Rosário)

São João Paulo II

Esta oração simples e profunda, cara aos indivíduos e às famílias, outrora muito difundida entre o povo cristão. Que alegria seria se também hoje fosse redescoberta e valorizada, especialmente no interior das famílias! Ela ajuda a contemplar a vida de Cristo e os mistérios da salvação; graças à incessante invocação da Virgem, afasta os germes da desagregação familiar; é o vínculo seguro de comunhão e paz. Exorto a todos, e de modo especial às famílias cristãs, a encontrar no santo Rosário o conforto e o sustento quotidiano para caminhar nas vias da fidelidade."

(Alocução de 25-10-1998)

Papa Leão XIII

Ninguém ignora quantos dissabores e amarguras causaram à Santa Igreja de Deus, a finais do século XII, os hereges albigenses que, nascidos da seita dos últimos maniqueus, encheram de seus perniciosos erros o Sul da França e outros países do mundo latino, e levando adiante o terror das suas armas, ameaçaram estender por toda a parte o seu domínio com o extermínio e a morte.

Contra tão terríveis inimigos, Deus misericordioso suscitou o egrégio e santíssimo Pai e Fundador da Ordem dominicana. Este, pela integridade da sua doutrina, pelo exemplo das suas virtudes e seus trabalhos apostólicos, empreendeu com ânimo varonil a luta pela Igreja Católica, não com a violência nem com as armas, mas fiado na excelsa súplica que com o nome de santo Rosário de Maria foi o primeiro a instituir e, quer por si quer pelos seus filhos, espalhou ao longe e ao largo.

Compreendeu, por divina inspiração e assistência, que em virtude dessa oração, como por meio de poderosíssima máquina bélica, venceria as hostes inimigas e confundiria a sua impiedade e audácia. Assim aconteceu, como o provam os fatos. Graças a este modo de orar recebido e posto em prática por instituição do Pai São Domingos, começou a restabelecer-se a piedade, a fé e a concórdia e foram destruídos os propósitos dos hereges, muitos extraviados regressaram ao bom caminho e o furor dos ímpios foi dominado pelas armas católicas empregadas para os reduzir.

(Encíclica Supremi Apostolatus, de 1-9-1883)

Papa Pio XII

Será vão o esforço de remediar a situação decadente da sociedade civil, se a família, princípio e base de toda a sociedade humana, não se ajustar diligentemente à lei do Evangelho. E Nós afirmamos que, para desempenho cabal deste árduo dever, é sobretudo conveniente o costume do Rosário em família. De novo, pois, e categoricamente, não hesitamos em afirmar de público que depositamos grande esperança no Rosário de Nossa Senhora como remédio dos males do nosso tempo."

(Encíclica Ingruentium malorum, de 15-9-1951)

Benefícios espirituais e promessas do Rosário

  1. "A todos os que rezarem o meu Rosário com devoção, prometo a minha protecção especial e grandíssimas graças."
  2. "Aquele que perseverar na oração do Meu Rosário receberá uma graça especialíssima."
  3. "O Rosário será uma defesa poderosíssima contra o Inferno; destruirá os vícios, libertará do pecado, dissipará as heresias."
  4. "O Rosário fará florescer as virtudes e as boas obras, e obterá para as almas a mais abundante misericórdia Divina; fará que, nos corações, o amor ao mundo seja substituído pelo amor a Deus, elevando-os ao desejo dos bens celestes e eternos. Quantas almas se santificarão por esse meio!"
  5. "Quem se confiar a Mim, por meio do Rosário, não perecerá."
  6. "Quem rezar o meu Rosário com devoção, meditando nos seus mistérios, não será oprimido pela desgraça. O pecador se converterá; o justo crescerá em graças e se tornará digno da vida eterna."
  7. "Os verdadeiros devotos do meu Rosário não morrerão sem os Sacramentos da Igreja."
  8. "Aqueles que rezam o meu Rosário encontrarão, durante sua vida e na sua morte, a luz de Deus e a plenitude das Suas graças, e participarão dos méritos dos bem-aventurados."
  9. "Libertarei muito prontamente do Purgatório as almas devotas ao meu Rosário."
  10. "Os verdadeiros filhos do meu Rosário gozarão de uma grande glória no Céu."
  11. "O que pedirem por meio do meu Rosário, obterão."
  12. "Aqueles que defenderem o meu Rosário serão socorridos por Mim, em todas as suas necessidades."
  13. "Obtive do meu Filho que todos os membros da Irmandade do Rosário tenham por irmãos, durante a vida e na hora da morte, os santos do Céu."
  14. "Aqueles que rezarem fielmente o meu Rosário serão todos meus filhos amantíssimos, irmãos e irmãs de Jesus Cristo."
  15. "A devoção ao meu Rosário é um grande sinal de Predestinação" ou seja, é uma boa indicação de que o devoto estará no caminho para o Céu.

Portanto, é completamente impensável ser um católico e não rezar o Rosário, tendo em vista seus benefícios e o quanto ele é recomendado pelos santo e, principalmente, por Nossa Senhora.

O Rosário de acordo com os ensinos de São Luís Maria Grignion de Montfort

As orações vocais do Rosário

Texto extraído e adaptado do Livro a a Eficácia Maravilhosa do Santíssimo Rosário

a) O Credo

O Credo, também chamado Símbolo dos Apóstolos, é rezado na cruz do Rosário e do terço. Ele contém um resumo das verdades cristãs e é uma oração de grande mérito, pois a fé é o fundamento e o princípio de todas as virtudes cristãs, bem como de todas as orações que agradam a Deus.

Não me estenderei aqui explicando detalhadamente as palavras do Símbolo dos Apóstolos. Digo apenas que as três primeiras palavras — "Creio em Deus" — contêm os atos das três virtudes teologais: fé, esperança e caridade. Essas palavras possuem uma eficácia maravilhosa para santificar a alma e aterrorizar o demônio.

Com essas palavras, muitos santos venceram tentações ao longo da vida e na hora da morte, especialmente aquelas contra a fé, a esperança ou a caridade.

Como a fé é a única chave que nos permite entrar nos mistérios de Jesus e de Maria contidos no santo Rosário, é conveniente iniciá-lo rezando o Credo com atenção e devoção.

b) O Pai-Nosso

O Pai-Nosso, também chamado Oração Dominical (de Dominus, que em latim significa "Senhor"), tira sua primeira excelência do próprio Autor: não um homem ou um anjo, mas Jesus Cristo, o Rei dos Anjos e dos homens.

"Era necessário", diz São Cipriano, "que Aquele que nos veio dar a vida da graça como Salvador nos ensinasse, como Mestre, a maneira de rezar."

A sabedoria do Divino Mestre transparece na ordem, na doçura, na força e na clareza dessa oração sublime. Ela é curta, mas rica em ensinamentos; inteligível para os simples, mas cheia de mistérios para os sábios.

O Pai-Nosso contém todos os deveres que temos para com Deus; reúne os atos de todas as virtudes e os pedidos necessários para nossas necessidades espirituais e corporais.

Tertuliano afirma que o Pai-Nosso é o resumo do Evangelho. Tomás de Kempis diz que essa oração ultrapassa todos os desejos dos santos, compendia as doces sentenças dos Salmos e dos cânticos, pede tudo o que nos é necessário, louva a Deus de maneira perfeita e eleva a alma da terra ao céu, unindo-a estreitamente ao Criador.

São João Crisóstomo ensina que quem não reza como o Divino Mestre ensinou não é seu verdadeiro discípulo, e que Deus Pai não se agrada de orações elaboradas pelo espírito humano, mas daquela que seu próprio Filho nos deu.

Devemos rezar o Pai-Nosso com a certeza de que será atendido, pois é a oração do próprio Filho de Deus, a quem o Pai nunca recusa nada. Como poderia um Pai tão bom rejeitar um pedido tão bem formulado e recomendado por seu Filho?

Santo Agostinho assegura que o Pai-Nosso, rezado com devoção, apaga os pecados veniais. O justo cai sete vezes ao dia, mas essa oração contém sete pedidos pelos quais pode remediar suas quedas e fortalecer-se contra seus inimigos espirituais. Desde a primeira frase, cativamos o coração de Deus, invocando-O pelo doce nome de Pai.

O Filho de Deus sempre glorificou o Pai com suas obras. Ele veio ao mundo para que os homens também O glorificassem e ensinou a maneira correta de honrá-Lo por meio da oração que nos legou.

Devemos, portanto, rezá-la frequentemente, com atenção e no mesmo espírito com que Ele a compôs. Quando a recitamos com devoção, a cada palavra realizamos atos das mais nobres virtudes cristãs:

  • "Pai nosso, que estais no Céu" – fazemos atos de fé, adoração e humildade.
  • "Santificado seja o Vosso Nome" – manifestamos zelo pela glória de Deus.
  • "Venha a nós o Vosso Reino" – realizamos um ato de esperança.
  • "Seja feita a Vossa vontade, assim na terra como no Céu" – praticamos a perfeita obediência.
  • "O pão nosso de cada dia nos dai hoje" – exercitamos a pobreza de espírito e o desapego dos bens terrenos.
  • "Perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido" – fazemos um ato de arrependimento e praticamos a misericórdia em sua mais alta perfeição.
  • "E não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal" – realizamos atos de humildade, prudência, fortaleza e paciência.

Além disso, ao pedirmos essas graças não apenas para nós, mas para todos os nossos irmãos na fé, cumprimos nosso dever como verdadeiros filhos de Deus, imitando Sua caridade infinita e vivendo o mandamento do amor ao próximo.

c) A Ave-Maria

A Ave-Maria, também chamada Saudação Angélica, é uma oração de tal sublimidade e profundidade que o Beato Alano de la Roche afirmou que nenhuma criatura pode compreendê-la plenamente e que somente Jesus Cristo, nascido da Virgem Maria, pode explicá-la em sua totalidade.

Essa oração tira sua excelência de três elementos principais:

  1. Da Santíssima Virgem, a quem é dirigida.
  2. Da finalidade da Encarnação do Verbo, para a qual foi trazida do Céu.
  3. Do Arcanjo São Gabriel, que a pronunciou pela primeira vez na Anunciação.

A Saudação Angélica resume toda a teologia cristã sobre Maria Santíssima. Ela contém duas partes principais:

  • O louvor – que expressa tudo o que constitui a verdadeira grandeza de Maria.
  • A invocação – que manifesta o que devemos a Ela e tudo o que podemos esperar de sua intercessão maternal.

A formação dessa oração ocorreu ao longo do tempo e sob inspiração divina:

  • A primeira parte foi revelada pela Santíssima Trindade e pronunciada pelo Arcanjo Gabriel:
    • "Ave, cheia de graça, o Senhor é convosco!" (Lc 1,28).
  • A segunda parte foi acrescentada por Santa Isabel, iluminada pelo Espírito Santo, quando exclamou:
    • Bendita sois vós entre as mulheres, e bendito é o fruto do vosso ventre! (Lc 1,42).
  • A conclusão foi estabelecida pela Igreja no Concílio de Éfeso, no ano 430, ao proclamar solenemente que Maria é verdadeiramente Mãe de Deus. A partir desse momento, a Igreja ordenou que Ela fosse invocada com as palavras:
    • Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós, pecadores, agora e na hora de nossa morte.

Através da Saudação Angélica, ocorreram maravilhas inigualáveis:

  • Deus Se fez homem.
  • Uma Virgem tornou-se Mãe de Deus.
  • As almas dos justos foram libertadas do limbo.
  • Os tronos vazios no Céu foram preenchidos.
  • O pecado foi perdoado e a graça nos foi dada.
  • Doentes foram curados, mortos ressuscitaram e exilados retornaram.
  • A Santíssima Trindade foi aplacada.
  • A humanidade obteve o caminho para a vida eterna.

Por fim, a Saudação Angélica é como um arco-íris, o sinal da clemência e da graça que Deus fez ao mundo.

Ainda que essa oração se dirija diretamente à Mãe de Deus e contenha seus louvores, nem por isso deixa de glorificar a Santíssima Trindade. Toda honra prestada a Nossa Senhora reverte a Deus, pois Ele é a Causa de todas as suas perfeições e virtudes:

  • Deus Pai é glorificado porque honramos a mais perfeita de suas criaturas.
  • Deus Filho é glorificado porque louvamos sua puríssima Mãe.
  • Deus Espírito Santo é glorificado porque exaltamos as graças com que Ele cumulou sua Esposa.

Assim como Maria, no seu Magnificat, devolveu a Deus os louvores que Santa Isabel Lhe dirigiu ("Minha alma glorifica ao Senhor..."), assim também Ela remete a Deus os louvores que Lhe damos ao rezarmos a Ave-Maria.

A Revelação de Nossa Senhora a Santa Matilde

Santa Matilde, desejando saber qual seria o melhor modo de demonstrar sua devoção à Mãe de Deus, foi arrebatada em espírito e teve uma visão da Virgem Santíssima. Ela lhe apareceu trazendo a Ave-Maria escrita em letras de ouro sobre o peito e lhe disse:

Minha filha, saiba que ninguém pode me honrar com uma saudação mais agradável do que aquela que me fez ser apresentada à adorável Trindade e pela qual fui elevada à dignidade de Mãe de Deus.

Nossa Senhora então explicou o significado profundo de cada palavra da Ave-Maria:

  • Ave → É o nome de Eva ao contrário (Eva → Ave), simbolizando que Deus, por sua onipotência, me preservou de todo pecado e das misérias às quais a primeira mulher foi sujeita.
  • Maria → Significa Dama de Luzes, indicando que Deus me encheu de sabedoria e de luz, fazendo-me brilhar como um astro resplandecente para iluminar o Céu e a Terra.
  • Cheia de graça → Revela que o Espírito Santo me cumulou de tantas graças que posso distribuí-las generosamente àqueles que me pedirem com fé.
  • O Senhor é convosco → Renova a alegria inefável que senti quando o Verbo eterno Se encarnou em meu seio.
  • Bendita sois vós entre as mulheres → Louva a misericórdia divina, que me elevou acima de todas as criaturas.
  • Bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus → Faz com que todo o Céu se alegre comigo, pois Jesus, meu Filho, é adorado e glorificado como Salvador dos homens.

Entre as coisas admiráveis que a Santíssima Virgem revelou ao Beato Alano de la Roche (e nós sabemos que esse grande devoto de Maria confirmou por juramento suas revelações), há três mais notáveis:

A primeira: é um sinal provável e próximo de condenação eterna ter negligência, tibieza e aversão pela Saudação Angélica que reparou o mundo;

A segunda: aqueles que têm devoção a essa saudação divina possuem um grandíssimo sinal de predestinação;

A terceira: aqueles que receberam do Céu o favor de amar a Santíssima Virgem e de A servir por amor, devem ser extremamente zelosos em continuar a amá-La e servi-La, até que Ela os coloque no Paraíso, por meio de seu Filho, no grau de glória compatível com seus méritos.

Todos os hereges – que são filhos do demônio e portam sinais evidentes de reprovação – têm horror à Ave-Maria. Eles ainda aprendem o Pai-Nosso, mas não a Ave-Maria; eles antes prefeririam levar consigo uma serpente do que um terço ou um Rosário.

Entre os católicos, aqueles que levam a marca da condenação também desprezam o Rosário, deixando de rezá-lo, ou fazendo-o com tibieza e às pressas.

Ainda que eu não acreditasse no que foi revelado ao Beato Alano, bastaria a minha experiência pessoal para me convencer dessa verdade.

De fato, vemos que as pessoas que em nossos dias professam doutrinas novas condenadas pela Igreja descuidam muito, apesar das aparências de piedade, da devoção ao Rosário, e frequentemente a afastam do espírito e do coração dos outros, alegando os mais variados pretextos. Elas evitam condenar abertamente, como o fazem os calvinistas, o terço, o Rosário, o escapulário; mas a maneira como se portam em relação a essas coisas é tanto mais perniciosa quanto mais sutil.

A Ave-Maria é um orvalho celeste e divino que, caindo na alma de um predestinado, lhe comunica admirável fecundidade para produzir toda espécie de virtudes. Quanto mais a alma é orvalhada por essa oração, mais ela se toma lúcida no espírito, ardente no coração e fortificada contra todos os seus inimigos.

A Ave-Maria é uma flecha penetrante e ardente. Quando um pregador a une à palavra de Deus que anuncia, dá a essa palavra força para atravessar, tocar e converter os mais endurecidos corações, ainda que ele não possua talento natural para a pregação.

Essa foi a arma secreta que a Santíssima Virgem ensinou a São Domingos e ao Beato Alano, para converter os hereges e os pecadores.

A Rainha do céu, dizem São Bernardo e São Boaventura, não é menos grata e cortês do que as pessoas de qualidade bem educadas neste mundo; Ela as supera nisso como em todas as outras perfeições. Assim, Ela jamais suportará que nós A honremos com respeito, sem que nos recompense cem vezes mais.

Maria, diz São Boaventura, nos saúda com a graça sempre que A saudamos com a Ave-Maria. Quem poderia compreender as graças e as bênçãos que operam em nós a saudação e os olhares benignos da Santíssima Virgem?

No momento em que Santa Isabel ouviu a saudação que lhe deu a Mãe de Deus, ela foi cumulada pelo Espírito Santo, e a criança que levava no seio estremeceu de alegria. Se nos tomamos dignos da saudação e da bênção de Maria Santíssima, sem dúvida também seremos cumulados de graças e uma torrente de consolações espirituais correrá em nossas almas.

Está escrito: "Dai e vos será dado" (Lc 6,38). Tomemos a comparação do Beato Alano: "Se eu vos desse a cada dia cento e cinquenta diamantes, vós, ainda que fosseis meu inimigo, não me perdoaríeis? E, se fosse amigo, não me faríeis todos os favores que estivessem ao vosso alcance? Pois se quiserdes vos enriquecer dos bens de graça e de glória, saudai a Santíssima Virgem, honrai vossa boa Mãe".

Apresentai-Lhe a cada dia pelo menos cinquenta Ave-Marias, pedras preciosas que Lhe são mais agradáveis do que todas as riquezas da terra. O que não devereis esperar então da sua generosidade? Ela é nossa Mãe e nossa amiga. Ela é a Imperatriz do universo, e nos ama mais do que todas as mães e rainhas juntas amaram um homem mortal. Pois, diz Santo Agostinho, a caridade da Virgem Maria excede todo o amor natural de todos os homens e de todos os Anjos.

Um dia, Nosso Senhor apareceu a Santa Gertrudes contando peças de ouro; ela teve a ousadia de Lhe perguntar o que era que Ele contava. "Eu conto", respondeu Jesus Cristo, "as tuas Ave-Marias, moeda com a qual compras o Paraíso".

O douto e devoto Padre Suárez, da Companhia de Jesus, considerava tanto o mérito da Saudação Angélica, que dizia, de bom grado, trocaria toda a sua ciência pelo valor de uma única Ave-Maria bem rezada.

O Beato Alano de la Roche narra que uma religiosa muito devota do Rosário apareceu depois de morta a uma de suas irmãs e disse: "Se eu pudesse voltar ao meu corpo para somente rezar uma Ave-Maria, ainda que sem grande fervor, para ter o mérito dessa oração, de bom grado sofreria de novo todas as dores que sofri antes da morte". É preciso notar que ela tinha sofrido, durante muitos anos, dores violentas no seu leito.

Michel de Lisle, Bispo de Salubre, discípulo e colega do Beato Alano de la Roche, disse que a Saudação Angélica é o remédio para todos os males que nos afligem, desde que a recitemos devotamente em honra da Santíssima Virgem.


Quem não admirará a excelência do santo Rosário, composto por estas duas divinas partes, a Oração Dominical e a Saudação Angélica? Haverá oração mais agradável a Deus e à Virgem, mais fácil, mais doce e mais salutar aos homens?

Tenhamos sempre a Ave Maria no coração e nos lábios para honrar a Santíssima Trindade, para honrar a Jesus Cristo, nosso Salvador, e sua santa Mãe.

Ademais, no fim de cada dezena, acrescentemos:
"Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo. Assim como era no princípio, agora e sempre, por todos os séculos dos séculos. Amém".

A oração mental - os quinze mistérios do Rosário

Texto extraído e adaptado do Livro a a Eficácia Maravilhosa do Santíssimo Rosário

Mistério é uma coisa sagrada e difícil de compreender. As obras de Jesus Cristo são todas sagradas e divinas, porque Ele é Deus e Homem ao mesmo tempo. As da Santíssima Virgem são santíssimas, porque Ela é a mais perfeita de todas as puras criaturas. Chamam-se mistérios as obras de Jesus Cristo e de Sua santa Mãe, porque são repletas de maravilhas, perfeições e instruções profundas e sublimes, que o Espírito Santo revela aos humildes e às almas simples que Os honram.

São Domingos dividiu a vida de Jesus Cristo e da Santíssima Virgem em quinze mistérios que nos representam suas virtudes e suas principais ações, como quinze quadros, cujas cenas devem nos servir de regra e de exemplo para conduzirmos nossa vida. Nossa Senhora ensinou a São Domingos esse excelente método de oração e lhe ordenou que o pregasse, a fim de reacender a piedade dos cristãos e de fazer reviver em seus corações o amor de Jesus Cristo. Ela o ensinou também ao Beato Alano de la Roche.

"Rezar essas cento e cinquenta Saudações Angélicas, lhe disse, é uma oração muito útil, uma homenagem que me é muito agradável. E ainda melhor farão aqueles que recitarem essas saudações com a meditação da vida, da paixão e da glória de Jesus Cristo, pois essa meditação é a alma de tais orações".

De fato, o Rosário sem a meditação dos mistérios sagrados de nossa salvação não seria senão um corpo sem alma, uma excelente matéria sem a forma que é a meditação.

A primeira parte do Rosário contém cinco mistérios, o primeiro dos quais é a anunciação do Arcanjo São Gabriel à Santíssima Virgem; o segundo, a visitação da Virgem a Santa Isabel; o terceiro, o nascimento de Jesus Cristo; o quarto, a apresentação do Menino Jesus no Templo e a purificação da Virgem; o quinto, o encontro de Jesus no Templo, entre os doutores.

Chamam-se esses mistérios gozosos por causa da alegria que deram a todo o universo.

A segunda parte do Rosário se compõe também de cinco mistérios, que se chamam dolorosos, porque nos representam Jesus Cristo acabrunhado de tristeza, coberto de chagas, sobrecarregado de opróbrios, de dores e de tormentos.

O primeiro desses mistérios é a oração de Jesus e sua agonia no Horto das Oliveiras; o segundo, sua flagelação; o terceiro, sua coroação de espinhos; o quarto, o carregamento da Cruz; e o quinto, sua crucifixão e morte sobre o Calvário.

A terceira parte do Rosário contém cinco outros mistérios, que se chamam gloriosos, porque neles contemplamos Jesus e Maria no triunfo e na glória. O primeiro é a ressurreição de Jesus Cristo; o segundo, sua ascensão ao céu; o terceiro, a descida do Espírito Santo sobre os apóstolos; o quarto, a assunção da gloriosa Virgem; e o quinto, sua coroação.

Essas são as quinze flores perfumadas do Rosário místico, sobre as quais as almas piedosas pousam como sábias abelhas, para colher o néctar admirável e dele compor o mel de uma sólida devoção.

Foi para nos ajudar na importante obra da nossa salvação que a Santíssima Virgem mandou São Domingos expor, aos fiéis que rezam o Rosário, os mistérios sagrados da vida de Jesus Cristo. Isso, não somente para que O adorem e glorifiquem, mas principalmente para que modelem a vida e os atos segundo as virtudes de Jesus Cristo.

Os filhos imitam os pais vendo-os e conversando com eles, e aprendem sua língua ouvindo-os falar; o aprendiz de um ofício se forma vendo seu mestre trabalhar. Assim também os fiéis devotos do Rosário se tornam semelhantes ao Divino Mestre, com o socorro de sua graça e pela intercessão da Virgem, considerando com seriedade e devoção as virtudes de Jesus Cristo, nos quinze mistérios de sua vida.

A Beata Ângela de Foligno pediu um dia a Nosso Senhor que lhe ensinasse com que exercício mais O honraria. Ele lhe apareceu pregado à Cruz, dizendo: "Minha filha, olha as minhas chagas". Ela aprendeu assim, do amantíssimo Senhor, que nada Lhe é mais agradável do que a meditação sobre seus sofrimentos. Em seguida, Ele mostrou as feridas de sua cabeça e revelou muitas circunstâncias de seus tormentos, e disse: "Sofri tudo isto por tua salvação. Que podes tu fazer que iguale meu amor por ti?"

O Evangelho nos assegura que um pecador que se converte e faz penitência causa alegria a todos os Anjos. Se basta para alegrar os Anjos que um pecador abandone seus pecados e faça penitência, que alegria, que júbilo será para toda a Corte celeste, e que glória para o próprio Jesus Cristo, nos ver sobre a terra meditando devotamente e com amor sobre suas humilhações e tormentos, sobre sua cruel e ignominiosa morte? Haverá algo mais eficaz para nos tocar e conduzir a uma sincera penitência?

O cristão que não medita os mistérios do Rosário demonstra grande ingratidão para com Jesus Cristo, dando pouco valor a tudo o que o Salvador sofreu pela salvação do mundo. Esse cristão deve bem recear que, não tendo conhecido Jesus Cristo ou tendo-O esquecido, também seja rejeitado por Ele, no dia do Juízo, com estas palavras de censura: "Na verdade vos digo que não vos conheço" (Mt 25, 12).

Meditemos, pois, por meio do santo Rosário, sobre a vida e os sofrimentos do Salvador; aprendamos a conhecer e agradecer os seus benefícios, para que no dia do Juízo Ele nos reconheça como seus filhos e amigos.

Os Santos sempre tomaram como objetivo principal de suas cogitações a vida de Jesus Cristo, meditando sobre suas virtudes e sofrimentos. Por esse meio atingiram a perfeição cristã. A Santíssima Mãe do Salvador não Se ocupou de outra coisa, durante toda a vida, senão de meditar nas virtudes e sofrimentos de seu Filho.

Nossa Senhora revelou um dia a Santa Brígida: "Quando contemplava a beleza, a modéstia, a sabedoria de meu Filho, minha alma era transportada de alegria e, quando considerava suas mãos e pés que seriam atravessados pelos cravos, eu vertia uma torrente de lágrimas, o coração se me rachava de tristeza e dor."

Após a Ascensão de Jesus Cristo, a Virgem passou o restante da vida a visitar os lugares que o Divino Salvador tinha santificado por sua presença e por seus tormentos. Naqueles locais, Ela meditava sobre sua inexcedível caridade e sobre os rigores de sua paixão.

Essa mesma foi a devoção dos primeiros cristãos, como atesta São Jerônimo. De todas as regiões do mundo, eles acorriam à Terra Santa para gravar mais profundamente nos corações o amor e a lembrança do Salvador dos homens, pela vista dos objetos e lugares que Ele tinha consagrado com seus sofrimentos e sua morte.

Todos os católicos têm a mesma fé, adoram o mesmo Deus, esperam a mesma felicidade no céu; e não conhecem senão um único Mediador, que é Jesus Cristo. Todos, pois, devem imitar esse divino Modelo, e para isso devem considerar os mistérios da sua vida, das suas virtudes e da sua glória.

É erro imaginar que a meditação das verdades da fé e dos mistérios da vida de Jesus Cristo seja obrigação somente dos padres, dos religiosos e dos que se retiraram do mundo. Os religiosos e os eclesiásticos são obrigados a meditar sobre as grandes verdades de nossa santa religião para corresponder dignamente à sua vocação.

Mas as pessoas que vivem no mundo igualmente estão obrigadas a isso por causa do perigo de perdição, ao qual estão diariamente expostas. Elas devem, pois, armar-se com a frequente recordação da vida, das virtudes e dos sofrimentos do Salvador, representados nos quinze mistérios do santo Rosário.

A meditação desses mistérios é, para todos aqueles que a fazem, fonte de frutos maravilhosos. Hoje, querem-se coisas que abalam, que emocionam, que produzem na alma impressões profundas. Ora, o que há no mundo mais emocionante do que a história maravilhosa de nosso Redentor, se desenrolando diante de nossos olhos em quinze quadros? Que orações são mais excelentes e sublimes do que o Pai Nosso e a Ave Maria, as quais contêm todos os nossos desejos, todas as nossas necessidades?

Para ainda mais vos animar à prática dessa devoção, acrescento que o Rosário rezado com a meditação dos mistérios:

  1. Nos eleva insensivelmente ao conhecimento perfeito de Jesus Cristo;
  2. Purifica as nossas almas do pecado;
  3. Nos torna vitoriosos sobre todos os nossos inimigos;
  4. Nos torna fácil a prática das virtudes;
  5. Nos abrasa do amor de Jesus Cristo;
  6. Nos enriquece de graças e méritos;
  7. Nos fornece o que pagar todas as nossas dívidas a Deus e aos homens e, por fim, nos faz obter de Deus toda espécie de graças.

Maravilhas de Deus fez por meio do Rosário

Texto extraído e adaptado do Livro a a Eficácia Maravilhosa do Santíssimo Rosário

São Domingos foi visitar a virtuosa rainha Branca, da França, que estava aflita por ser casada havia doze anos e ainda não ter filhos. Aconselhou-a a rezar diariamente o Rosário, para alcançar do Céu a desejada graça, e ela realmente o fez, dando à luz, em 1213, um primogênito que foi chamado Filipe. A morte, entretanto, arrebatou esse príncipe ainda no berço.

A devota rainha, mais do que nunca, recorreu à Santíssima Virgem e fez distribuir grande quantidade de Rosários a toda a corte e em muitas cidades do Reino, para que Deus a cumulasse com a sua bênção. Foi exatamente o que aconteceu, pois no ano de 1215 veio ao mundo São Luís, glória da França e modelo de rei cristão.

Afonso VIII, rei de Aragão e de Castela, foi castigado por Deus de várias formas, por causa de seus pecados, sendo constrangido a se refugiar na cidade de um dos seus aliados. São Domingos, encontrando-se nessa mesma cidade no dia de Natal, lá pregou, como de costume, o Rosário e as graças que se obtêm de Deus por meio dele, dizendo, entre outras coisas, que aqueles que o rezassem com devoção, obteriam a vitória sobre seus inimigos e recuperariam o que tivessem perdido. O rei, que prestara muita atenção nessas palavras, mandou depois chamar São Domingos e lhe perguntou se aquilo que ele tinha dito sobre o Rosário era de fato verdadeiro.

O Santo respondeu que nenhuma dúvida havia a respeito, e afirmou que, se o rei quisesse praticar essa devoção, logo sentiria os bons efeitos. Realmente, Afonso VIII passou a rezar todos os dias o Rosário, assim fazendo durante um ano inteiro. No dia de Natal do ano seguinte, tinha ele rezado o seu Rosário quando a Virgem lhe apareceu e disse: "Afonso, há um ano tu me serves devotamente rezando o meu Rosário; agora venho recompensar-te. Fica sabendo que obtive de meu Filho o perdão de todos os teus pecados. Eis aqui um Rosário que te dou; leva-o contigo e jamais nenhum dos teus inimigos te poderá fazer mal".

E desapareceu em seguida, deixando o rei muito consolado; ele retomou para seus aposentos e, encontrando a rainha, contou-lhe exultante de alegria o favor que acabara de receber da Virgem. Com o Rosário presenteado por Ela, tocou os olhos da rainha e esta recuperou a visão que tinha perdido.

Algum tempo depois, o rei reuniu algumas tropas e, com a ajuda de aliados, atacou ousadamente seus inimigos, obrigando-os a lhe devolverem as terras que lhe pertenciam e a repararem os danos que haviam causado. Expulsou-os inteiramente de seus domínios e se tornou um guerreiro tão bem-sucedido que de todos os lados acorriam soldados para combater sob suas ordens, porque as vitórias pareciam sempre segui-lo nas batalhas.

Isso não é de espantar, pois jamais entrava em combate senão depois de ter rezado o Rosário de joelhos e exortava seus oficiais e servidores a terem igualmente essa devoção. A rainha também se engajou na mesma, e os dois perseveraram no serviço da Santíssima Virgem e viveram sempre em grande piedade.

São Domingos tinha um primo chamado Don Pérez, que levava uma vida muito corrompida. Tendo ouvido dizer que o Santo pregava maravilhas sobre o Rosário e que muita gente se convertia e mudava de vida, comentou: "Eu já tinha perdido a esperança de me salvar, mas agora começo a retomar coragem, é preciso que eu ouça esse Homem de Deus". Foi, pois, um dia ouvir a pregação de São Domingos. Quando o Santo o viu, redobrou seu ardor em trovejar contra os vícios, e pediu interiormente a Deus que abrisse os olhos do primo para conhecer seu miserável estado de alma.

Pérez ficou de início um tanto impressionado, mas não se decidiu à conversão; retomou uma segunda vez à pregação do Santo, e este, vendo que aquele coração endurecido não se converteria sem algum golpe muito extraordinário, bradou com voz alta: "Senhor Jesus, fazei ver a todo este auditório o estado daquele que acaba de entrar em vossa casa".

Então todo o povo viu Pérez cercado por uma legião de demônios na forma de animais horríveis que o mantinham preso com correntes de ferro. Todos fugiram assustados com aquilo, cada qual para um lado, e Pérez ficou muito espantado por se ver objeto do horror dos presentes.

São Domingos mandou então que todos parassem e disse ao pecador: "Agora vê, desgraçado, o estado deplorável em que te encontras. Lança-te aos pés da Virgem! Toma este Rosário, reza-o com devoção e arrependimento pelos teus pecados, e toma a resolução de mudar de vida!"

Pérez se pôs de joelhos, rezou o Rosário e se sentiu inspirado a se confessar, o que fez com grande contrição. São Domingos lhe ordenou que rezasse todos os dias o Rosário e ele prometeu fazê-lo. Seu rosto, que antes tinha assustado a toda a gente, apareceu, quando saiu da igreja, luminoso como o de um Anjo. Ele perseverou na devoção do Rosário, levou a partir daí vida muito correta e teve morte feliz.

Estava São Domingos pregando o Rosário perto de Carcassone, quando conduziram a ele um herege albigense possuído pelo demônio. O Santo o exorcizou diante de uma grande multidão; sustenta-se que havia ali mais de doze mil pessoas.

Os demônios, sendo obrigados contra a própria vontade a responder às interrogações que o Santo lhes fazia, confessaram que eram quinze mil no corpo daquele miserável, porque ele tinha atacado os quinze mistérios do Rosário. Confessaram também que, pelo Rosário que pregava, Domingos incutia terror e assombro em todo o inferno, e que ele era o homem que os demônios mais odiavam no mundo, por causa das almas que lhes arrebatava pela devoção do Rosário.

Então, São Domingos lançou seu Rosário em redor do pescoço do possesso e perguntou aos demônios qual, dentre os Santos do céu, eles mais temiam e mais devia ser amado e honrado pelos homens. Diante dessa interrogação, os demônios soltaram gritos espantosos, de tal forma que a maior parte dos ouvintes, transidos de terror, caíram por terra. Em seguida, os espíritos malignos, para não responder, choraram e se lamentaram de modo tão lancinante, que muitos dos assistentes choravam eles próprios por piedade natural.

Os demônios diziam, em tom de chorosa lamentação, pela boca do possesso: "Domingos, Domingos, tem pena de nós. Nós te prometemos que nunca mais vamos te fazer mal. Tu, que tens tanta piedade dos pecadores e dos miseráveis, tem também piedade de nós, que somos infelizes. Ai de nós, que sofremos tanto! Por que te rejubilas em aumentar nossos padecimentos? Contenta-te com as penas que nós já sofremos. Misericórdia!"

O Santo, sem se deixar impressionar pelas palavras dulçorosas dos espíritos desgraçados, respondeu que não cessaria de os atormentar até que tivessem respondido à pergunta que tinha feito.

Os demônios disseram então que responderiam, mas em segredo e no ouvido, não diante de todo o mundo. O Santo lhes ordenou que respondessem em alta voz. Os demônios se puseram então em silêncio, por mais que ele lhes ordenasse.

Ele se pôs de joelhos e fez esta oração: "Ó Santíssima Virgem Maria, pela virtude do santo Rosário, ordenai a estes inimigos do gênero humano que respondam à minha pergunta".

Feita a oração, uma chama de fogo saiu dos ouvidos, do nariz e da boca do possesso, fazendo estremecer todos os presentes, mas a ninguém fazendo mal. Então, os demônios bradaram: "Domingos, nós te pedimos, pela Paixão de Jesus Cristo e pelos méritos de sua santa Mãe e de todos os Santos, que tu nos permitas sair deste corpo sem nada dizer; pois os Anjos, quando tu quiseres, te dirão o que desejas saber. Nós somos mentirosos... por que então queres crer no que falamos? Não nos atormentes mais, tem pena de nós!"

"Desgraçados sois, e indignos de serdes atendidos!", bradou São Domingos, que se pôs mais uma vez de joelhos e rezou: "Ó digníssima Mãe da Sabedoria, rogo-Vos pelo bem deste povo aqui presente: forçai vossos inimigos a confessarem em público a verdade inteira".

Mal tinha ele acabado essa oração, viu junto a si a Santíssima Virgem, cercada por uma grande multidão de Anjos, e Ela, com uma vara de ouro, tocou o endemoninhado, dizendo-lhe: "Responde a meu servo Domingos conforme ele mandou". A Virgem não foi vista nem ouvida pelo povo, mas somente pelo Santo.

Então, os demônios começaram a exclamar, dizendo: "Ó inimiga nossa, ó nossa ruína, ó nossa confusão, por que viestes expressamente do céu para nos atormentar de modo tão cruel? Será preciso que contra a nossa vontade, ó advogada dos pecadores que livrais dos infernos, ó caminho seguro do Paraíso, sejamos obrigados a dizer a verdade inteira? Será preciso que confessemos diante de todo o mundo a causa da nossa confusão e ruína? Desgraçados de nós! Maldição para sempre aos nossos príncipes das trevas!"

"Ouvi, pois, ó cristãos! A Mãe de Deus é todo-poderosa para impedir que seus servos caiam no inferno; é Ela que, como um sol, dissipa as trevas das nossas maquinações mais cheias de astúcia; é Ela que descobre todas as nossas intrigas, rompe as nossas armadilhas e inutiliza as nossas tentações. Forçados, confessamos que nenhum dos que perseveram no seu serviço jamais se perde. Um único suspiro que Ela oferece à Santíssima Trindade vale mais que as orações, votos e desejos de todos os Santos juntos. Nós A tememos mais que a todos os bem-aventurados juntos e nada podemos contra seus servos fiéis."

Certa vez, com quinhentos homens, ele desafiou dez mil hereges; outra vez, com trinta, derrotou três mil; em seguida, com oitocentos cavaleiros e mil homens de infantaria, desbaratou o exército do rei de Aragão, composto de cem mil homens, perdendo unicamente um cavaleiro e oito soldados de infantaria.

O Beato Ahmo conta que um Cardeal de nome Pedro, instruído por São Domingos sobre o santo Rosário, se tornou propagandista dele. Esse Cardeal foi enviado à Terra Santa como Legado papal junto aos cristãos cruzados contra os maometanos. Ele de tal forma convenceu o exército cristão sobre a eficácia do Rosário, que todos abraçaram essa devoção para implorar o socorro do Céu; e num combate em que eram somente três mil, triunfaram sobre cem mil inimigos.

Os demônios, como vimos, temem infinitamente o Rosário. São Bernardo diz que a Saudação Angélica os afugenta e faz tremer todo o inferno. O Beato Alano assegura que viu muitas pessoas que se tinham entregue ao demônio de corpo e alma, renunciando ao batismo e a Jesus Cristo, e que depois, tomando a devoção do santo Rosário, se libertaram da tirania diabólica.

No ano de 1578, uma mulher de Anvers se tinha consagrado ao demônio por meio de um documento assinado com seu sangue. Algum tempo depois, sentiu remorsos e desejo de reparar o mal que tinha feito. Procurou um confessor para saber o meio de se libertar do poder do demônio.

Encontrou um sacerdote prudente e caridoso, que lhe aconselhou procurar o Padre Henri, no convento de São Domingos, para ali se confessar e alistar-se na confraria dos devotos do Rosário. Ela foi procurá-lo, e em lugar do Padre, encontrou o demônio, sob a figura de um religioso, que a repreendeu severamente e lhe disse que ela não tinha mais graças a esperar de Deus, nem meio de revogar o que tinha assinado, o que a afligiu fortemente.

Mesmo assim, ela não perdeu a esperança na misericórdia de Deus e voltou a procurar o Padre, mas ainda uma vez encontrou o demônio, que a rejeitou como antes.

Na terceira vez, ela retornou, e Deus permitiu que desta vez encontrasse o Padre Henri, que a recebeu caridosamente, exortou-a a confiar na bondade de Deus e a fazer uma boa confissão; recebeu-a na confraria e lhe ordenou que rezasse frequentemente o Rosário. Um dia, durante a Missa que o Padre estava celebrando por intenção dela, a Santíssima Virgem forçou o demônio a lhe devolver o documento que ela tinha assinado. Assim, foi por autoridade de Maria e pela devoção do Rosário que ela se viu libertada.

Uma condessa espanhola, instruída por São Domingos na devoção do Rosário, rezava-o diariamente e fazia progressos maravilhosos na virtude. Como desejava ardentemente atingir a perfeição, ela consultou certo dia um Bispo, que era pregador famoso, pedindo sua orientação espiritual. O prelado respondeu que, antes de mais nada, ele precisava conhecer o estado de sua alma e saber quais os exercícios de piedade que ela praticava. Em resposta, ela disse que seu principal exercício era o Rosário, que rezava diariamente, meditando nos mistérios gozosos, dolorosos e gloriosos, com muito proveito espiritual.

O Bispo, encantado de ouvir explicar as raras instruções contidas nos mistérios, comentou: "Há vinte anos sou doutor em Teologia, já li uma enorme quantidade de excelentes práticas de devoção; mas jamais conheci mais frutuosas nem mais conformes ao cristianismo. Quero vos imitar, e pregarei o Rosário". Ele o fez com tanto sucesso que, em pouco tempo, presenciou uma grande mudança de costumes em sua diocese: inúmeras conversões, restituições e conciliações; cessaram a libertinagem, o jogo e a ostentação; a paz nas famílias, a devoção e a caridade começaram a florir. A mudança foi admirável, porque aquele Bispo já tinha se esforçado muito para reformar a diocese, e pouquíssimo fruto havia obtido até então.

Para melhor convencer os fiéis a aderirem à devoção do Rosário, ele costumava levar um muito bonito consigo, e o mostrava aos que o ouviam, dizendo: "Sabei, irmãos, que o Rosário da Santíssima Virgem é tão excelente, que para mim, que sou vosso Bispo, doutor em Teologia, em Direito Canônico e em Direito Civil, para mim é uma glória levá-lo sempre como o mais ilustre símbolo do meu pontificado".

Quanto a mim, que escrevo isto, aprendi por minha própria experiência a força do Rosário para converter os corações mais endurecidos. Encontrei alguns que não se tinham impressionado nem com as terríveis verdades pregadas numa missão, mas, tendo por meu conselho adquirido o hábito de rezar todos os dias o Rosário, converteram-se inteiramente a Deus.

Notei uma infinita diferença na conduta das pessoas em cujas paróquias eu tinha pregado missões: umas deixaram a prática do Rosário e recaíram nos seus pecados; enquanto outras, que a conservaram, mantiveram-se na graça de Deus e progrediram dia a dia na virtude.

Leitor caríssimo, se puserdes em prática essa devoção, aprendereis, por experiência própria, melhor do que em qualquer livro, e comprovareis felizmente o efeito maravilhoso das promessas que a Santíssima Virgem fez a São Domingos, ao Beato Alano e a todos os que se empenhem em fazer florescer essa devoção que Lhe é tão grata.

Para não me alongar demais, basta dizer, com o Beato Alano, que o Rosário é um manancial e depósito de toda a espécie de bens, no qual:

  • 1° Os pecadores obtêm perdão;
  • 2° As almas sedentas saciam a sede;
  • 3° Os prisioneiros vêem seus grilhões quebrados;
  • 4° Os que choram encontram alegria;
  • 5° Os tentados encontram tranquilidade;
  • 6° Os indigentes recebem socorro;
  • 7° Os religiosos são reformados;
  • 8° Os ignorantes são instruídos;
  • 9° Os vivos triunfam sobre a vaidade;
  • 10° Os mortos são aliviados à maneira de sufrágio.

"Quero", disse um dia Nossa Senhora ao Beato Alano de la Roche, "que os devotos do meu Rosário tenham a graça e a bênção de meu Filho enquanto vivem, na hora da morte e depois dela; que sejam libertados de toda espécie de escravidão e que sejam verdadeiros reis, com a coroa na cabeça e o cetro na mão; e que alcancem a glória eterna. Amém."

Como se deve rezar o Rosário

Texto extraído e adaptado do Livro a a Eficácia Maravilhosa do Santíssimo Rosário

Não é o prolongamento de uma oração que agrada a Deus e lhe conquista o coração, mas o seu fervor. Uma só Ave-Maria bem rezada tem mais mérito do que cento e cinquenta mal rezadas.

Vejamos, pois, a maneira de rezar o Rosário para agradar a Deus e nos tornarmos santos.

Em primeiro lugar, é preciso que a pessoa que reza o Rosário esteja em estado de graça, ou pelo menos na resolução de sair do seu pecado, porque a Teologia nos ensina que as boas obras e as orações feitas em pecado mortal são obras mortas, que não agradam a Deus nem podem merecer a vida eterna.

Aconselhamos o Rosário a todas as pessoas: aos justos, para que perseverem e cresçam na graça de Deus; e aos pecadores também, mas para que saiam de seus pecados.

Deus não permita que, por nossos conselhos, um pecador empedernido transforme o manto da proteção de Nossa Senhora em manto de condenação para velar seus crimes! Ou que transforme o Rosário, que é remédio para todos os males, num veneno mortal e funesto! A corrupção do ótimo é péssima.

Um homem depravado costumava rezar diariamente o Rosário. Certo dia, a Virgem lhe mostrou belos frutos numa bandeja cheia de imundícies. O homem teve horror àquilo, e Ela lhe disse: "É assim que tu me serves, apresentando-me belas rosas num recipiente sujo e corrompido. Achas que posso recebê-las com agrado?"

Não basta, para rezar bem, exprimir nossos pedidos pela excelente forma de oração que é o Rosário, mas é preciso aplicar nisso uma grande atenção, pois Deus ouve antes à voz do coração que à da boca. Rezar a Deus com distrações voluntárias seria uma grande falta de respeito, que tomaria os nossos Rosários infrutíferos e nos encheria de pecados.

Como pretender que Deus nos ouça, se nós mesmos não nos ouvimos? E se, enquanto invocamos a terrível Majestade que faz a todos tremerem, nos pomos voluntariamente a correr atrás de uma borboleta? Proceder assim é afastar a bênção do Senhor e correr o risco de vê-la mudada em maldição: "Maldito o que faz a obra de Deus com negligência" (Jer 48, 10).

De fato, não é possível rezar o Rosário sem nenhuma distração involuntária; é até mesmo bem difícil rezar uma única Ave-Maria sem que a imaginação sempre mutante não vos afaste em algo a atenção. Mas vós podeis rezar sem distrações voluntárias, e deveis adotar todos os meios para diminuir as involuntárias e fixar a atenção.

Para isso, colocai-vos na presença de Deus, pensando que Ele e sua santa Mãe têm os olhos postos sobre vós. Pensai que vosso Anjo da Guarda está à vossa direita, colhendo as Ave-Marias que rezais, quando elas são bem rezadas, como se fossem rosas, para com elas tecer uma coroa para Jesus e Maria; e que, pelo contrário, o demônio está à vossa esquerda e ronda em torno de vós para devorar vossas Ave-Marias e as anotar no seu livro da morte, se elas são rezadas sem atenção, devoção e modéstia.

Sobretudo, não deixeis de fazer os oferecimentos das dezenas em honra dos mistérios, e de vos representar na imaginação a Nosso Senhor e à sua Santíssima Mãe no mistério que estais honrando.

O Beato Hermann, da Ordem Premonstratense, nos dá um exemplo claro do impacto da devoção e da atenção na recitação do Rosário. Quando ele rezava com fervor e meditava profundamente nos mistérios, experimentava a presença luminosa e majestosa da Santíssima Virgem. No entanto, quando sua devoção esmoreceu e ele rezava sem atenção, a Virgem lhe apareceu de forma triste e irritada, refletindo a condição de sua alma. Essa mudança revela como a oração sincera e dedicada é refletida nas aparições e como Deus responde ao nosso coração e à nossa dedicação.

O Rosário, por sua natureza repetitiva, pode ser difícil de rezar com atenção. Como há orações que se repetem de forma constante, pode ser desafiador manter a mente focada e o coração em oração. A variedade de orações, como os Sete Salmos ou outras devoções, pode ajudar a manter a imaginação envolvida, mas o Rosário exige perseverança e devoção especiais.

De fato, enquanto a imaginação flutua e o demônio tenta desviar nossa atenção, a perseverança no Rosário é uma prática valiosa que fortalece a alma. O inimigo se empenha em distrações para que não alcancemos os frutos espirituais da oração. Por isso, é necessário resistir a essas tentações, mantendo o coração voltado para Deus e a Mãe Santíssima, e oferecendo a cada Ave-Maria uma verdadeira homenagem.

Com a força do Rosário bem rezado, buscamos a graça divina, e é por meio dessa perseverança que encontramos a verdadeira paz e consolo em Cristo e Maria.

Por isso, é preciso ter infinitamente mais devoção para perseverar na recitação do santo Rosário do que para qualquer outra oração, ainda mesmo os Salmos de Davi. O que aumenta essa dificuldade é a nossa imaginação volátil e a malícia do demônio, infatigável para nos distrair e nos impedir de rezar.


O que faz esse espírito maligno enquanto estamos rezando nosso Rosário contra ele?

Antes de começar a oração, ele aumenta nosso aborrecimento, nossas distrações e nossas prostrações. Enquanto rezamos, ele nos acossa de todos os lados. E depois que tivermos rezado com muita dificuldade e distrações, ele nos sopra ao ouvido:

"Nada rezaste que preste; teu terço de nada valeu; melhor farias se trabalhasses e cuidasses dos teus negócios; perdes tempo rezando tantas orações vocais sem atenção; uma meia-hora de meditação ou uma boa leitura valeriam muito mais; amanhã, quando estiveres com menos sono, rezarás com mais atenção, deixa o resto do teu Rosário para amanhã."

É assim que o demônio, com seus artifícios, frequentemente consegue que abandonemos o Rosário, inteiro ou em parte, ou faz com que troquemos ou o deixemos para o dia seguinte...

Não lhe deis crédito, caro devoto do Rosário, e não desanimeis, ainda que durante todo o Rosário vossa imaginação tenha estado preenchida com distrações e pensamentos extravagantes, se vós os procurastes expulsar da melhor forma possível logo quando vos destes conta deles.

Vosso Rosário é tanto melhor quanto mais meritório for; ele é tanto mais meritório quanto mais difícil for; ele é tanto mais difícil quanto menos naturalmente for agradável à alma e mais cheio for dessas miseráveis pequenas moscas e formigas que fazem a imaginação correr de um lado para o outro apesar da vontade, não dando à alma tempo para saborear o que reza e repousar em paz.

Se for preciso combater, durante o Rosário, contra as distrações, combatei valentemente de armas na mão, ou seja, prosseguindo o Rosário, ainda que sem nenhum gosto nem consolação sensível. É um combate terrível, mas é salutar à alma fiel.

Se deixais cair as armas, quer dizer, se abandonais o Rosário, sois vencidos, e então o demônio, como vencedor, vos deixará em paz, mas no dia do Juízo vos acusará por vossa pusilanimidade e infidelidade. "Quem é fiel nas pequenas coisas também o será nas grandes" (Lc 16, 10). Quem é fiel em rejeitar as menores distrações na menor parte de suas orações, será também fiel nas maiores coisas.

Coragem pois, bom e fiel servidor de Jesus Cristo e da Santíssima Virgem, que tornastes a resolução de rezar o Rosário todos os dias! Que a multidão das moscas (chamo assim as distrações que vos fazem guerra enquanto rezais) não vos faça deixar covardemente a companhia de Jesus e de Maria, na qual estais quando dizeis vosso Rosário.


A partir daqui indicarei os meios para diminuir as distrações.

  1. Invocai inicialmente o Espírito Santo para bem rezar o vosso Rosário, e colocai-vos em seguida um momento na presença de Deus.
  2. Antes de começar cada dezena, parai um pouco para considerar o mistério que estais celebrando, e pedi sempre, pela intercessão de Maria Santíssima, uma das virtudes que mais ressaltam naquele mistério ou da qual tendes mais necessidade.
  3. Tornai, sobretudo, cuidado com dois erros comuns, que cometem quase todos os que rezam o terço ou o Rosário:
    1. O primeiro é não formular nenhuma intenção, de sorte que se lhe perguntais porque estão rezando, não vos saberiam responder. Tende, pois, sempre em vista, ao rezar o Rosário, alguma graça a pedir, alguma virtude a imitar ou algum pecado a evitar.
    2. O segundo erro que se comete frequentemente é não ter em vista, ao começar o Rosário, outra coisa senão acabá-lo o quanto antes. É uma pena ver como a maior parte das pessoas rezam o Rosário. Rezam-no com uma precipitação espantosa, devoram até a maior parte das palavras. Não se cumprimentaria desse modo ridículo ao último dos homens, e no entanto se imagina que Jesus e Maria se sentem honrados com isso!

O Beato Alano de la Roche e outros autores, entre os quais Belarmino, contam que um bom sacerdote aconselhou a três penitentes que tinha, e que eram três irmãs, que rezassem devotamente todos os dias o Rosário, durante um ano, para formar um belo vestido de glória para Nossa Senhora. Acrescentou que isso era um segredo que ele tinha recebido do céu.

As três irmãs o rezaram durante um ano. No dia da Purificação, à noite, quando as três estavam deitadas, a Virgem, acompanhada por Santa Catarina e Santa Inês, entrou no quarto delas, vestida com um traje todo resplandecente de luz, no qual estava escrito, com letras de ouro, "Ave Maria, cheia de graça".

A Rainha do Céu se aproximou do leito da mais velha das irmãs e lhe disse: "Eu te saúdo, minha filha, que tantas vezes e tão bem me saudaste. Venho agradecer-te o belo vestido que me fizeste".

As duas santas Virgens que A acompanhavam lhe agradeceram também e as três desapareceram. Uma hora depois, a Virgem veio mais uma vez ao quarto, com as mesmas acompanhantes. Trajava um vestido verde, mas sem ouro nem luz. Aproximou-se do leito da segunda irmã e lhe agradeceu o vestido que lhe fizera.

Mas, como esta segunda irmã já tinha visto a Santíssima Virgem aparecer à mais velha com maior brilho, perguntou-Lhe o motivo: "É porque ela me fez um vestido mais bonito, rezando o Rosário melhor do que tu" - respondeu a Virgem.

Cerca de uma hora depois, Nossa Senhora apareceu uma terceira vez à mais jovem das irmãs, vestida com trapos sujos e rasgados, e disse: "Ó filha, tu assim me vestiste, Eu te agradeço por isso".

A jovem, coberta de confusão, exclamou: "Oh! Senhora, perdão por Vos ter vestido tão mal! Peço-Vos tempo para rezar melhor o Rosário e Vos preparar um vestido mais belo".

Tendo desaparecido a visão, a jovem, muito aflita, contou ao confessor o que se tinha passado. Ele exortou as três a rezarem o Rosário com mais perfeição do que antes.

Ao cabo de um ano, no mesmo dia da Purificação, a Virgem novamente lhes apareceu, vestida com um traje maravilhoso e mais uma vez acompanhada por Santa Catarina e Santa Inês, que levavam coroas, e lhes disse: "Tende certeza, filhas, do Reino dos Céus, no qual entrareis amanhã, com grande alegria", ao que as três responderam: "Nosso coração está pronto, caríssima Senhora, nosso coração está pronto". A visão desapareceu. Na mesma noite, sentiram-se mal, mandaram procurar o confessor, receberam os últimos sacramentos, e agradeceram ao confessor pela santa devoção que lhes tinha ensinado.

Depois, a Santíssima Virgem lhes apareceu, acompanhada por grande número de virgens, fez vestir as três irmãs com vestidos brancos. Depois partiram as três, enquanto os Anjos cantavam: "Vinde, esposas de Jesus Cristo, recebei as coroas que vos estão preparadas desde a eternidade".

Há muitas verdades a aprender com essa história:

  • 1° Como é importante ter bons confessores que inspirem bons exercícios de piedade e em particular o santo Rosário;
  • 2° Como é importante rezar o Rosário com atenção e devoção;
  • 3° Como a Santíssima Virgem é benigna e misericordiosa para com aqueles que se arrependem do passado e se propõem a proceder melhor;
  • 4° Como Ela é generosa para recompensar durante a vida, na hora da morte e na eternidade, os pequenos serviços que Lhe são prestados fielmente.

Acrescento que se deve rezar o Rosário com modéstia, quer dizer, tanto quanto possível de joelhos e com as mãos postas, tendo o Rosário nas mãos. Se, entretanto, se está doente, pode-se rezá-lo na cama; se em viagem, pode-se rezá-lo caminhando; se por qualquer enfermidade não se pode estar de joelhos, pode-se rezar de pé ou sentado.

Pode-se até mesmo rezar o Rosário trabalhando, quando não se pode deixar o trabalho por causa dos deveres profissionais; pois o trabalho manual nem sempre é contrário à oração vocal.

Aconselho-vos a dividir o vosso Rosário em três terços, em três diferentes horas do dia; é melhor dividi-lo assim do que rezá-lo de uma só vez.

Se não tendes tempo para rezar o terço do Rosário de uma só vez, rezai uma dezena aqui, uma dezena acolá, de tal forma que, apesar das vossas ocupações e negócios, tenhais o Rosário inteiro rezado antes de vos deitardes à noite.

Vantagens de rezar o Rosário em comum

De todas as maneiras de rezar o Rosário, a mais gloriosa a Deus, mais salutar à alma e mais terrível ao demônio, é salmodiá-lo ou rezá-lo publicamente em dois coros.

Deus gosta das reuniões. Todos os Anjos e bem-aventurados reunidos no céu lá cantam incessantemente os seus louvores.

Os justos da terra, reunidos em muitas comunidades, nelas rezam em comum dia e noite. Nosso Senhor expressamente aconselhou essa prática aos seus discípulos, e lhes prometeu que todas as vezes que estivessem dois ou mais reunidos em seu nome, Ele estaria no meio deles (Mt 18, 19).

Que felicidade ter Jesus Cristo em nossa companhia! Para possuí-Lo, basta nos reunirmos para rezar. Essa a razão pela qual os primeiros cristãos se reuniam tão frequentemente para rezar em comum, apesar das perseguições dos imperadores que lhes proibiam tais reuniões. Eles preferiam se expor à morte a faltar a uma reunião na qual teriam a companhia de Jesus Cristo.

Esse modo de rezar em comum é mais salutar à alma, porque:

  • 1º Normalmente o espírito está mais atento na oração pública do que na particular;
  • 2º Quando se reza em comum, as orações de cada particular se tomam comuns a toda a assembléia e constituem todas juntas uma única oração; assim, se algum particular não reza tão bem, outro na assembléia que reze melhor lhe supre a falta.
  • 3º Uma pessoa que recita o terço sozinha tem somente o mérito de um terço; mas se o reza com trinta pessoas, tem o mérito de trinta terços. São essas as regras da oração pública. Que lucro! Que vantagem!
  • 4º A oração pública é mais poderosa que a particular para aplacar a cólera de Deus e atrair a sua misericórdia. A Igreja, conduzida pelo Espírito Santo, sempre se serviu dela em tempos de calamidade pública.

O Papa Gregório XIII declarou numa Bula que se deve crer piedosamente que as orações e as procissões dos devotos do Rosário tinham contribuído muito para obter de Deus a grande vitória dos cristãos em 1571, no golfo de Lepanto, sobre a esquadra dos turcos.

O Rei Luís, o Justo, de feliz memória, cercando La Rochelle, onde os hereges revoltosos se mantinham fortificados, escreveu à rainha sua mãe que mandasse fazer orações públicas pela prosperidade de suas armas. A rainha mandou rezar o Rosário publicamente na igreja dos dominicanos de Paris. Essa prática teve início no dia 20 de maio de 1628. A rainha-mãe e a rainha reinante compareceram, juntamente com o senhor duque de Orléans, os Cardeais de la Rochefoulcaut e de Bérulle, vários Prelados, toda a corte e uma multidão inumerável de fiéis.

O Arcebispo lia em alta voz as meditações sobre os mistérios do Rosário e dava início em seguida ao Pai-Nosso e às Ave-Marias de cada dezena, e os religiosos com os assistentes respondiam. Após o terço, levava-se a imagem de Nossa Senhora em procissão, cantando suas ladainhas.

Prosseguiu-se com essa devoção todos os sábados, com fervor admirável e evidente bênção do Céu, pois o rei triunfou sobre os ingleses e entrou vitorioso em La Rochelle no dia de Todos-os-Santos do mesmo ano. Vê-se por aí qual é a força da oração pública.

Por fim, o Rosário recitado em comum é bem mais terrível ao demônio, porque se constitui por esse modo um corpo de exército para atacá-lo. Ele triunfa por vezes mais facilmente da oração de um particular, mas se ela está unida à dos outros, ele só dificilmente pode triunfar. É fácil quebrar uma única vara; mas se a juntais com muitas outras num feixe, já não se consegue quebrar.

Os soldados se unem para combater os inimigos; os maus se unem para fazer suas orgias e bailes; os próprios demônios se unem para nos perder. Por que então os cristãos não se unirão para ter a companhia de Jesus Cristo, para aplacar a cólera de Deus, para atrair a sua graça e a sua misericórdia, para vencer e aniquilar mais poderosamente os demônios?

O Rosário rezado em voz alta, em dois coros, é um santo costume que Deus misericordioso estabeleceu nos lugares em que preguei missões, para conservar e aumentar o fruto delas e para impedir o pecado. Antes que esse costume fosse estabelecido, não se viam naquelas cidades e aldeias senão bailes, libertinagens, dissoluções, imodéstias, blasfêmias, querelas, divisões; e só se ouviam canções desonestas e palavras de sentido malicioso. Agora ouve-se o som dos cânticos e das salmódias de Pai-Nossos e Ave-Marias; e se vêem santos agrupamentos de vinte, trinta, cem pessoas e até mais, cantando como religiosos os louvores de Deus, em horas determinadas.

Há mesmo lugares em que se reza o Rosário em comum todos os dias, em três horas diferentes do dia. Que bênção do Céu! Como há réprobos por toda a parte, não duvideis de que também nos vossos lugares haverá pessoas más que negligenciem de ir rezar o terço, que se queixarão e até farão tudo o que puderem para vos impedir de prosseguir nesse santo exercício.

Mas perseverai firmes! O destino desses infelizes é o inferno, onde ficarão para sempre separados de Deus. É normal que já aqui, antecipadamente, se separem da companhia de Jesus Cristo e dos que O servem.

Conselhos finais

Separai-vos, almas predestinadas, também vós dos maus! Para vos salvardes entre aqueles que se perdem por sua impiedade, falta de devoção e ociosidade, rezai sem perda de tempo o Rosário, rezai-o frequentemente com fé, humildade, confiança e perseverança.

Em primeiro lugar, quem pensar seriamente no mandato que Jesus nos fez de rezar sempre, nos exemplos que Ele nos deu, nas necessidades infinitas que temos da oração - por causa de nossas trevas, ignorâncias e fraquezas, e da multidão de nossos inimigos - esse por certo não se contentará em rezar o Rosário uma vez por ano, nem semanalmente, mas o rezará todos os dias, sem falta.

"É preciso rezar sempre e não deixar de o fazer" (Lc 18,1). A essas palavras eternas de Jesus Cristo se deve obedecer, sob pena de condenação. Ele repetia frequentemente aos Apóstolos: "Vigiai e orai" (Mt 26,41). A carne é fraca, a tentação é próxima e contínua, se não rezardes acabareis por cair.

Se, como um verdadeiro cristão que de fato deseja se salvar e caminhar na trilha dos santos, não quereis absolutamente cair no pecado mortal, é preciso orar sempre como ensinou e ordenou Jesus Cristo.

Em segundo lugar, é preciso rezar o Rosário com fé, segundo as palavras de Jesus Cristo: "Tudo quanto pedirdes na oração, crede que o haveis de conseguir" (Mc 11,24).

Em terceiro lugar, é preciso rezar com humildade. Guardai-vos da oração orgulhosa do fariseu, que o torna mais endurecido e mais maldito; imitai a humildade do publicano, cuja oração lhe obteve o perdão dos pecados.

Guardai-vos bem de visar o extraordinário e até de desejar conhecimentos excepcionais, visões, revelações e outras graças miraculosas que Deus por vezes comunicou a alguns Santos enquanto rezavam o Rosário. Só a fé basta, agora que o Evangelho e todas as devoções e práticas de piedade se acham suficientemente estabelecidas.

Não omitais sequer a menor parte do Rosário em vossas securas, desgostos e esmorecimentos interiores; seria um sinal de orgulho e de infidelidade; mas, como um valente guerreiro por Jesus e Maria, apesar da aridez rezai com simplicidade vossos Pai-Nossos e Ave-Marias, contemplando o melhor que possais os mistérios.

Ao comer vosso pão de cada dia, não desejeis os docinhos e as guloseimas das crianças; mas prolongai o Rosário quando vos for mais difícil rezá-lo, para que se possa dizer de vós o que foi dito de Jesus Cristo, quando estava na agonia da oração: rezava ainda mais longamente (Lc 22,43).

Em quarto lugar, rezai com muita confiança, fundada na bondade e na liberalidade infinitas de Deus e nas promessas de Jesus Cristo.

À confiança juntemos, em quinto lugar, a perseverança na oração. Somente aquele que perseverar no pedido receberá. Não basta pedir algumas graças a Deus durante um mês, um ano, dez anos, vinte anos; é preciso não se cansar, é preciso pedir até à morte.

Por fim, caríssimo irmão, o Rosário cotidiano tem tantos inimigos, que eu considero um dos mais assinalados favores de Deus a graça de perseverar nele até à morte. Perseverai nele e tereis a coroa admirável que está preparada nos céus para a vossa fidelidade: "Permanece fiel até à morte e te darei a coroa" (Ap 2, 10).

Método de rezar o Santo Rosário

Texto extraído e adaptado do Livro a a Eficácia Maravilhosa do Santíssimo Rosário

Abertura

Pelo sinal da Santa Cruz, livrai-nos Deus Nosso Senhor dos nossos inimigos. Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém.

Apresente as suas intenções para o Rosário que será rezado.

Uno-me a todos os santos que estão no céu, a todos os justos que estão sobre a terra, a todas as almas fiéis que estão neste lugar. Uno-me a Vós, meu Jesus, para louvar dignamente vossa santa Mãe, e Vos lounar n'Ela e por Ela. Renuncio a todas as distrações que me vierem durante este Rosário, que quero recitar com modéstia, atenção e devoção, como se fosse o último de minha vida.

Nós Vos oferecemos, Trindade Santíssima, este Credo, para honrar os mistérios todos de nossa fé; este Pai-Nosso e estas três Ave-Marias; para honrar a unidade de vossa essência e a trindade de vossas Pessoas.

Pedimo-Vos uma fé viva, uma esperança firme e uma caridade ardente.

  • Credo.
  • Pai-Nosso.
  • 3 Ave-Marias.
  • Glória.
  • Ó meu Jesus, perdoai-nos, livrai-nos do fogo do inferno, levai as almas todas para o Céu e socorrei principalmente as que mais precisarem.

Mistérios Gozosos

I - Anunciação

  • Nós Vos oferecemos, Senhor Jesus, esta primeira dezena, em honra de Vossa Encarnação no seio de Maria; e Vos pedimos, por este Mistério e por Sua intercessão, uma profunda humildade. Assim seja.
  • Pai-Nosso, 10 Ave-Marias, Glória.
  • Ó meu Jesus, perdoai-nos...
  • Santa Maria, rogai por Nós, São José, rogai por nós. Pode-se pedir a intersessão de outros santos e santas se você deseja.

II - Visitação de Nossa Senhora à Santa Isabel

  • Nós Vos oferecemos, Senhor Jesus, esta segunda dezena, em honra da Visitação de Vossa Santa Mãe à sua prima Santa Isabel e da santificação de São João Batista; e Vos pedimos, por este Mistério e pela intercessão de Vossa Mãe Santíssima, a caridade para com nosso próximo. Assim seja.
  • Pai-Nosso, 10 Ave-Marias, Glória.
  • Ó meu Jesus, perdoai-nos...
  • Santa Maria, rogai por Nós, São José, rogai por nós.

III - Nascimento de Jesus

  • Nós Vos oferecemos, Senhor Jesus, esta terceira dezena, em honra de Vosso Nascimento no estábulo de Belém; e Vos pedimos, por este Mistério e pela intercessão de Vossa Mãe Santíssima, o desapego dos bens terrenos, o desprezo das riquezas e o amor à pobreza. Assim seja.
  • Pai-Nosso, 10 Ave-Marias, Glória.
  • Ó meu Jesus, perdoai-nos...
  • Santa Maria, rogai por Nós, São José, rogai por nós.

IV - Apresentação no Templo

  • Nós Vos oferecemos, Senhor Jesus, esta quarta dezena, em honra de Vossa Apresentação no Templo e da Purificação de Maria; e Vos pedimos, por este Mistério e por Sua intercessão, uma grande pureza de corpo e alma. Assim seja.
  • Pai-Nosso, 10 Ave-Marias, Glória.
  • Ó meu Jesus, perdoai-nos...
  • Santa Maria, rogai por Nós, São José, rogai por nós.

V - Encontro de Jesus no Templo

  • Nós Vos oferecemos, Senhor Jesus, esta quinta dezena, em honra do Vosso Reencontro no Templo por Maria; e Vos pedimos, por este Mistério e por Sua intercessão, a verdadeira sabedoria. Assim seja.
  • Pai-Nosso, 10 Ave-Marias, Glória.
  • Ó meu Jesus, perdoai-nos...
  • Santa Maria, rogai por Nós, São José, rogai por nós.

Mistérios Dolorosos

VI - Agonia

  • Nós Vos oferecemos, Senhor Jesus, esta sexta dezena, em honra de Vossa Agonia mortal no Jardim das Oliveiras; e Vos pedimos, por este Mistério e pela intercessão de Vossa Mãe Santíssima, a contrição de nossos pecados. Assim seja.
  • Pai-Nosso, 10 Ave-Marias, Glória.
  • Ó meu Jesus, perdoai-nos...
  • Santa Maria, rogai por Nós, São José, rogai por nós.

VII - Flagelação

  • Nós Vos oferecemos, Senhor Jesus, esta sétima dezena, em honra de Vossa sangrenta Flagelação; e Vos pedimos, por este Mistério e pela intercessão de Vossa Mãe Santíssima, a mortificação de nossos sentidos. Assim seja.
  • Pai-Nosso, 10 Ave-Marias, Glória.
  • Ó meu Jesus, perdoai-nos...
  • Santa Maria, rogai por Nós, São José, rogai por nós.

VIII - Coroação de Espinhos

  • Nós Vos oferecemos, Senhor Jesus, esta oitava dezena, em honra de Vossa Coroação de Espinhos; e Vos pedimos, por este Mistério e pela intercessão de Vossa Mãe Santíssima, o desprezo do mundo. Assim seja.
  • Pai-Nosso, 10 Ave-Marias, Glória.
  • Ó meu Jesus, perdoai-nos...
  • Santa Maria, rogai por Nós, São José, rogai por nós.

IX - Carregando a Cruz

  • Nós Vos oferecemos, Senhor Jesus, esta nona dezena, em honra de terdes carregado a Cruz; e Vos pedimos, por este Mistério e pela intercessão de Vossa Mãe Santíssima, a paciência em todas as nossas cruzes. Assim seja.
  • Pai-Nosso, 10 Ave-Marias, Glória.
  • Ó meu Jesus, perdoai-nos...
  • Santa Maria, rogai por Nós, São José, rogai por nós.

X - Crucifixão

  • Nós Vos oferecemos, Senhor Jesus, esta décima dezena, em honra de Vossa Crucifixão e morte ignominiosa sobre o Calvário; e Vos pedimos, por este Mistério e pela intercessão de Vossa Mãe Santíssima, a conversão dos pecadores, a perseverança dos justos e o alívio das almas do purgatório. Assim seja.
  • Pai-Nosso, 10 Ave-Marias, Glória.
  • Ó meu Jesus, perdoai-nos...
  • Santa Maria, rogai por Nós, São José, rogai por nós.

Mistérios Gloriosos

XI - Ressurreição

  • Nós Vos oferecemos, Senhor Jesus, esta décima-primeira dezena, em honra de vossa Ressurreição gloriosa; e Vos pedimos, por este Mistério, e pela intercessão de vossa Mãe Santíssima, o amor de Deus e o fervor no vosso serviço. Assim seja.
  • Pai-Nosso, 10 Ave-Marias, Glória.
  • Ó meu Jesus, perdoai-nos...
  • Santa Maria, rogai por Nós, São José, rogai por nós.

XII - Ascensão

  • Nós Vos oferecemos, Senhor Jesus, esta décima-segunda dezena, em honra de vossa triunfante Ascensão; e Vos pedimos, por este Mistério, e pela intercessão de vossa Mãe Santíssima, um ardente desejo do céu, nossa cara pátria. Assim seja.
  • Pai-Nosso, 10 Ave-Marias, Glória.
  • Ó meu Jesus, perdoai-nos...
  • Santa Maria, rogai por Nós, São José, rogai por nós.

XIII - Pentecostes

  • Nós Vos oferecemos, Senhor Jesus, esta décima-terceira dezena, em honra do Mistério de Pentecostes; e Vos pedimos, por este Mistério, e pela intercessão de vossa Mãe Santíssima, a descida do Espírito Santo em nossas almas. Assim seja.
  • Pai-Nosso, 10 Ave-Marias, Glória.
  • Ó meu Jesus, perdoai-nos...
  • Santa Maria, rogai por Nós, São José, rogai por nós.

XIV - Assunção de Nossa Senhora

  • Nós Vos oferecemos, Senhor Jesus, esta décima-quarta dezena, em honra da ressurreição e triunfal Assunção de vossa Mãe Santíssima ao céu; e Vos pedimos, por este Mistério, e por sua intercessão, uma terna devoção a tão boa Mãe. Assim seja.
  • Pai-Nosso, 10 Ave-Marias, Glória.
  • Ó meu Jesus, perdoai-nos...
  • Santa Maria, rogai por Nós, São José, rogai por nós.

XV - Coroação de Nossa Senhora

  • Nós Vos oferecemos, Senhor Jesus, esta décima-quinta dezena, em honra da coroação de vossa Mãe Santíssima no céu; e Vos pedimos, por este Mistério, e por sua intercessão, a perseverança na graça e a coroa da glória. Assim seja.
  • Pai-Nosso, 10 Ave-Marias, Glória.
  • Ó meu Jesus, perdoai-nos...
  • Santa Maria, rogai por Nós, São José, rogai por nós.

Mistérios Luminosos

  • Esses mistérios foram criados por mim com a ajuda da ferramenta Magisterium Ai, tendo em vista que São Luiz não esteve na época em que São João Paulo II proclamou os mistérios luminosos.

XVI - Batismo de Jesus

  • Nós Vos oferecemos, Senhor Jesus, esta décima-sexta dezena, em honra do vosso Batismo no Jordão; e Vos pedimos, por este Mistério, e pela intercessão de vossa Mãe Santíssima, a graça de viver como filhos amados de Deus. Assim seja.
  • Pai-Nosso, 10 Ave-Marias, Glória.
  • Ó meu Jesus, perdoai-nos...
  • Santa Maria, rogai por Nós, São José, rogai por nós.

XVII - Auto-revelação em Caná

  • Nós Vos oferecemos, Senhor Jesus, esta décima-sétima dezena, em honra da vossa auto-revelação nas bodas de Caná; e Vos pedimos, por este Mistério, e pela intercessão de vossa Mãe Santíssima, a fé para reconhecer a vossa presença em nossas vidas. Assim seja.
  • Pai-Nosso, 10 Ave-Marias, Glória.
  • Ó meu Jesus, perdoai-nos...
  • Santa Maria, rogai por Nós, São José, rogai por nós.

XVIII - Proclamação do Reino

  • Nós Vos oferecemos, Senhor Jesus, esta décima-oitava dezena, em honra da vossa proclamação do Reino de Deus; e Vos pedimos, por este Mistério, e pela intercessão de vossa Mãe Santíssima, a coragem para viver e anunciar o Evangelho. Assim seja.
  • Pai-Nosso, 10 Ave-Marias, Glória.
  • Ó meu Jesus, perdoai-nos...
  • Santa Maria, rogai por Nós, São José, rogai por nós.

XIX - Transfiguração

  • Nós Vos oferecemos, Senhor Jesus, esta décima-nona dezena, em honra da vossa Transfiguração no monte; e Vos pedimos, por este Mistério, e pela intercessão de vossa Mãe Santíssima, a luz para ver a vossa glória em todas as coisas. Assim seja.
  • Pai-Nosso, 10 Ave-Marias, Glória.
  • Ó meu Jesus, perdoai-nos...
  • Santa Maria, rogai por Nós, São José, rogai por nós.

XX - Instituição da Eucaristia

  • Nós Vos oferecemos, Senhor Jesus, esta vigésima dezena, em honra da instituição da Eucaristia; e Vos pedimos, por este Mistério, e pela intercessão de vossa Mãe Santíssima, a união com o vosso Corpo e Sangue, fonte de vida eterna. Assim seja.
  • Pai-Nosso, 10 Ave-Marias, Glória.
  • Ó meu Jesus, perdoai-nos...
  • Santa Maria, rogai por Nós, São José, rogai por nós.

Oração final

Eu Vos saúdo, ó Maria, Filha bem-amada do eterno Pai, Mãe admirável do Filho, Esposa fidelíssima do Espírito Santo, Templo augusto da Santíssima Trindade. Eu Vos saúdo, soberana Rainha, a quem tudo está submisso no céu e na terra. Eu Vos saúdo, seguro refúgio dos pecadores, Nossa Senhora da Misericórdia, que jamais repelistes pessoa alguma. Pecador que sou, me prostro a vossos pés e Vos peço que me obtenhais de Jesus, vosso amado Filho, a contrição e o perdão de todos os meus pecados, e a divina Sabedoria.

Eu me consagro todo a Vós, com tudo o que possuo. Eu Vos tomo hoje por minha Mãe e Senhora. Tratai-me, pois, como o último de vossos filhos e o mais obediente de vossos servos. Escutai, minha Rainha, escutai os suspiros de um coração que deseja amar-Vos e servir-Vos fielmente. Que ninguém diga que, entre todos os que a Vós recorreram, seja eu o primeiro desamparado. Ó minha esperança! Ó minha vida! Ó minha fiel e imaculada Virgem Maria, defendei-me, nutri-me, escutai-me, instruí-me, salvai-me. Assim seja.

Salve, Rainha, Mãe de misericórdia, vida, doçura e esperança nossa, salve!

A Vós bradamos, os degredados filhos de Eva; a Vós suspiramos, gemendo e chorando neste vale de lágrimas. Eia, pois, advogada nossa, esses vossos olhos misericordiosos a nós volvei; e, depois deste desterro, mostrai-nos Jesus, bendito fruto do vosso ventre. Ó clemente, ó piedosa, ó doce sempre Virgem Maria!

Rogai por nós, Santa Mãe de Deus, para que sejamos dignos das promessas de Cristo, agora e para sempre. Amém.

Como contemplar os mistérios do Rosário

Contemplar significa fixar o olhar em algo, observar atentamente ou analisar, ou seja, contemplar um mistério, refere-se a um ato profundo de reflexão e meditação sobre as verdades da fé que transcendem a compreensão humana.

Logo, por exemplo, ao contemplar o mistério da Anunciação, a pessoa não apenas reflete sobre o evento em si, mas também considera seu significado profundo, como a aceitação de Maria e a encarnação do Verbo.

A partir disso, é notável que é difícil contemplar adequadamente os mistérios sem conhecer o seu contexto e o que cada um significa. Dessa forma, esse tópico será de grande ajuda para algumas pessoas que, assim como eu, não conseguem contemplar adequadamente os mistérios.

Futuramente eu planejo fazer a tradução e post dos seguintes livros abaixo. Eles são meditações sobre os mistérios do Rosário com base em visões e escritos de santos. Infelizmente eles não estão disponíveis em português, mas eu irei trazê-los para vocês. Estarei deixando o link abaixo para qualquer um que desejar comprar

Enquanto não trago, mostrarei dois bons conselhos que me ajudaram ao longo do percurso.

  • Cada Ave-Maria deve ser rezada com uma intenção por trás dela, ou seja, cada uma é uma oportunidade de meditar sobre um detalhe específico do mistério envolvido.
  • Outra possibilidade é a que está no livro Como Rezar Bem o Rosário do Dom Miguel M. Giambelli. Que consiste a cada Ave-Maria ou a cada 2 delas, fazer um aspecto específico da oração. Por exemplo, no primeiro mistério gozoso:
    • a) Consideremos a humildade da Virgem Maria ao aceitar a vontade de Deus: “Eis aqui a serva do Senhor”(rezar as primeiras duas Ave-Marias da dezena).
    • b) Adoremos a Deus Pai que escolheu para Mãe do seu divino Filho uma criatura tão humilde (rezar a terceira e a quarta Ave-Marias da dezena).
    • c) Agradeçamos a Maria o maravilhoso exemplo de humildade que nos deu (rezar a quinta e a sexta Ave-Marias da dezena).
    • d) Peçamos perdão pelos nossos pecados de orgulho e vaidade (rezar a sétima e a oitava Ave-Marias da dezena).
    • e) Supliquemos a graça da humildade para nós e nossos familiares (rezar a nona e a décima Ave-Marias da dezena) Você pode fazer seus próprios pedidos ou procurar algum livro ou escrito que faça isso por você. Você também pode usar a ferramenta Magisterium AI para lhe ajudar.

Além disso, é importante, como eu falei anteriormente, entender bem os mistérios e suas implicações. Por isso, eu explicarei cada um deles.

I - A anunciação do Anjo à Virgem Maria

Neste mistério da Anunciação, somos convidados a contemplar o momento sublime em que o anjo Gabriel traz a mensagem divina à Virgem Maria. Ao ouvir as palavras "Eis aqui a serva do Senhor", Maria responde com um coração aberto e disposto, aceitando a vontade de Deus para sua vida. Este "sim" não é apenas um ato de obediência, mas um profundo ato de fé que muda o curso da história da humanidade.

Maria, cheia de graça, nos ensina a importância de confiar em Deus, mesmo diante do desconhecido. Sua disposição em se tornar a Mãe do Salvador nos lembra que cada um de nós é chamado a responder à graça divina em nossas próprias vidas. Assim como Maria, somos convidados a dizer "sim" aos planos de Deus, permitindo que Ele atue em nós e através de nós.

Ao meditar sobre este mistério, que possamos pedir a intercessão de Nossa Senhora para que tenhamos a coragem de aceitar a vontade de Deus, mesmo quando não compreendemos plenamente. Que o exemplo de Maria nos inspire a viver com fé, esperança e amor, confiantes de que, com Deus, tudo é possível. Amém.


II - A visita de Maria a Santa Isabel

Neste mistério da Visitação, somos convidados a refletir sobre o encontro entre Maria e sua prima Isabel, um momento repleto de alegria e bênçãos. Ao chegar à casa de Isabel, Maria é recebida com um reconhecimento especial, onde o bebê em seu ventre, João Batista, salta de alegria ao ouvir a saudação de Maria, que traz em si a presença do Salvador. Este encontro não é apenas uma visita, mas uma manifestação da ação de Deus nas vidas dessas duas mulheres, que, em circunstâncias extraordinárias, se tornam instrumentos de Sua graça.

A visita de Maria a Isabel nos ensina sobre a importância da comunhão e do apoio mútuo entre as pessoas. Ambas as mulheres, grávidas em situações únicas, compartilham um momento de profunda alegria e reconhecimento da ação de Deus em suas vidas. Este encontro nos lembra que, em nossa jornada de fé, somos chamados a nos apoiar e alegrar uns aos outros. A alegria que transborda nesse momento é um reflexo da presença de Deus, que nos une em amor e solidariedade.

Maria, ao visitar Isabel, não apenas leva a presença de Jesus, mas também demonstra sua disposição em servir e apoiar sua prima. Este gesto de amor e serviço nos convida a refletir sobre como podemos ser instrumentos de Deus na vida dos outros, levando esperança e alegria a quem mais precisa. Assim como Maria, somos chamados a agir com generosidade e amor, reconhecendo que cada ato de bondade pode ser uma resposta ao chamado divino em nossas vidas.

Ao meditar sobre este mistério, podemos pedir a intercessão de Nossa Senhora para que, assim como ela, tenhamos a coragem de levar a presença de Cristo aos outros. Que possamos ser portadores de alegria e esperança, especialmente para aqueles que estão em momentos difíceis. O exemplo de Maria nos inspira a viver em comunhão e serviço, lembrando-nos de que, ao ajudarmos os outros, estamos também servindo a Deus.

Em conclusão, a Visitação nos ensina sobre a beleza da comunhão e do amor fraterno. Que possamos, como Maria, responder ao chamado de Deus com um coração aberto, levando a luz de Cristo a todos ao nosso redor. Que a alegria do encontro com o Senhor nos motive a viver em solidariedade e amor, sempre prontos a servir. Amém.


III - O nascimento de Jesus em Belém

O nascimento de Jesus é um dos eventos mais significativos da história da salvação, marcando a encarnação do Filho de Deus e a realização das promessas divinas. Este mistério nos convida a contemplar a humildade e a grandeza de Deus, que escolheu entrar na história humana de maneira tão simples e vulnerável.

Desde os tempos antigos, os profetas anunciaram a vinda do Messias. O profeta Isaías, por exemplo, proclamou: "Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; e o governo está sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz" (Isaías 9:6). Esta profecia nos prepara para entender a importância do nascimento de Jesus, que não é apenas um evento histórico, mas o cumprimento de um plano divino que se estende por séculos.

O relato do nascimento de Jesus é encontrado nos Evangelhos de Mateus e Lucas. Lucas 2:6-7 nos diz: "E aconteceu que, estando eles ali, se completaram os dias em que havia de dar à luz. E deu à luz seu filho primogênito, e envolveu-o em panos e deitou-o numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na estalagem." Este momento, que poderia parecer insignificante, é na verdade o ponto culminante da história da salvação. O Filho de Deus, que é "o Verbo que se fez carne e habitou entre nós" (João 1:14), nasce em um ambiente humilde, em uma manjedoura, simbolizando a acessibilidade de sua mensagem e a identificação com os pobres e marginalizados.

A importância do nascimento de Jesus é ainda mais enfatizada pela mensagem dos anjos aos pastores. Em Lucas 2:10-11, lemos: "Mas o anjo lhes disse: Não temais; eis que vos trago novas de grande alegria, que será para todo o povo; pois, na cidade de Davi, vos nasceu hoje o Salvador, que é Cristo, o Senhor." Esta proclamação não é apenas uma boa notícia para os pastores, mas para toda a humanidade. O nascimento de Jesus traz a promessa de salvação e a esperança de um novo começo.

O nascimento de Jesus não é apenas um evento que cumpre profecias, mas também representa o amor incondicional de Deus pela humanidade. Em João 3:16, é dito: "Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna." Este amor se manifesta na encarnação, onde Deus se torna um de nós, compartilhando nossas alegrias e sofrimentos.

Ao refletirmos sobre o nascimento de Jesus, somos chamados a reconhecer a grandeza deste mistério. Que possamos abrir nossos corações para acolher o Salvador, assim como Maria fez, e viver a mensagem de amor e esperança que Ele trouxe ao mundo. Que a luz de Cristo ilumine nossas vidas e nos guie em nosso caminho de fé, lembrando-nos sempre de que, em Jesus, encontramos a verdadeira paz e alegria. Amém.



IV - A apresentação de Jesus no Templo

O mistério da apresentação de Jesus no Templo é um evento significativo que nos convida a refletir sobre a obediência, a revelação e a missão redentora de Cristo. Este acontecimento, narrado no Evangelho de Lucas, ocorre quarenta dias após o nascimento de Jesus, quando Maria e José, em conformidade com a Lei de Moisés, levam o menino ao Templo para apresentá-lo ao Senhor (cf. Lucas 2, 22).

A apresentação de Jesus no Templo é um ato de profunda obediência. Maria e José não apenas cumprem a Lei que ordena que todo primogênito seja consagrado ao Senhor (cf. Êxodo 13, 2), mas também demonstram sua fé e devoção a Deus. Este gesto é um testemunho da humildade e da disposição dos pais de Jesus em seguir os preceitos divinos, mesmo em meio à grandeza do que estavam realizando: apresentando ao mundo o Salvador.

No Templo, encontramos Simeão, um homem justo e piedoso, que aguardava a consolação de Israel. Ao ver Jesus, ele exulta: "Agora, Senhor, podes deixar teu servo ir em paz, segundo a tua palavra; porque meus olhos viram a tua salvação" (Lucas 2, 29-30). Essas palavras não apenas revelam a identidade messiânica de Jesus, mas também expressam a alegria de Simeão ao reconhecer que a promessa de Deus se cumpriu. Ele continua, dizendo que Jesus é "luz para a revelação aos gentios e glória do teu povo Israel" (Lucas 2, 32). Essa declaração sublinha a universalidade da salvação que Jesus traz, não apenas para os judeus, mas para todas as nações.

Além de Simeão, a profetisa Ana também reconhece a importância do menino. Com sua vida dedicada ao serviço de Deus, ela se aproxima e agradece a Deus, falando sobre Jesus a todos que esperavam a redenção de Jerusalém (cf. Lucas 2, 38). A presença de Ana e Simeão no Templo simboliza a espera e a esperança do povo de Israel, que finalmente se concretiza na chegada do Messias.

Um aspecto profundo deste mistério é a profecia de Simeão sobre Maria: "E uma espada transpassará a tua alma" (Lucas 2, 35). Essa predição antecipa o sofrimento que Maria enfrentará ao longo da vida de seu Filho, culminando na crucificação. A dor que Maria experimentará é um convite à reflexão sobre o papel da Mãe de Deus na obra da salvação. Ela não é apenas a mãe de Jesus, mas também uma co-participante em sua missão redentora, unindo-se ao sofrimento de seu Filho.

A apresentação de Jesus no Templo é um momento de grande importância que nos ensina sobre a obediência, a fé e a revelação. Maria e José nos mostram como viver em conformidade com a vontade de Deus, enquanto Simeão e Ana nos ensinam a reconhecer e acolher a presença de Cristo em nossas vidas. Este mistério nos convida a refletir sobre nossa própria resposta à chamada de Deus e a nos comprometer com a missão de amor e serviço que Jesus nos deixou. Que, assim como Simeão e Ana, possamos sempre estar atentos à presença do Senhor e prontos para proclamá-la ao mundo.


V - A perda e encontro de Jesus no Templo

O reencontro de Jesus no Templo, descrito no Evangelho de Lucas (Lucas 2, 41-52), é um momento significativo que nos convida a refletir sobre a relação entre a Sagrada Família e a nossa própria jornada de fé. Este episódio ocorre quando Maria e José, após a festa da Páscoa, percebem que Jesus não estava com eles e retornam a Jerusalém em busca do Filho. Este momento nos ensina sobre a importância da busca e da perseverança na fé, mesmo em meio à confusão e à incerteza.

Após a celebração da Páscoa, Maria e José, ao perceberem que Jesus não estava com eles, retornam a Jerusalém em busca do Filho. Este ato de busca é emblemático da nossa própria busca por Deus em momentos de desorientação. Muitas vezes, na vida, pode-se sentir que Deus está distante ou ausente, e é nesse momento que somos chamados a perseverar na fé e a buscar a Sua presença. A determinação de Maria e José em encontrar Jesus nos lembra que a busca por Deus é uma parte essencial da vida cristã, mesmo quando as circunstâncias são desafiadoras.

Quando finalmente encontram Jesus no Templo, Ele está sentado entre os doutores da Lei, ouvindo e questionando-os. Este momento revela não apenas a identidade divina de Jesus, mas também a sua missão de ensinar e iluminar os corações. A resposta de Jesus à pergunta de Maria, "Por que me buscáveis? Não sabeis que eu devo estar na casa de meu Pai?" (Lucas 2, 49), nos convida a refletir sobre a prioridade que devemos dar à presença de Deus em nossas vidas. Jesus, mesmo em sua juventude, demonstra uma compreensão profunda de sua missão e identidade, desafiando-nos a valorizar a Palavra de Deus e a buscar um relacionamento mais profundo com Ele.

Maria e José, ao encontrarem Jesus, expressam sua preocupação e amor. A resposta de Maria nos lembra da importância da comunicação e do entendimento nas relações familiares. Mesmo sem compreender plenamente as palavras de Jesus, Maria guarda tudo em seu coração, mostrando-nos a importância da contemplação e da reflexão na vida espiritual. Este gesto de Maria é um exemplo de como devemos lidar com as incertezas e os desafios da vida: em vez de buscar respostas imediatas, devemos aprender a meditar e a confiar nos planos de Deus.

Este mistério nos convida a refletir sobre como buscamos a presença de Jesus em nossas vidas. Assim como Maria e José, somos chamados a perseverar na busca de Deus, mesmo quando nos sentimos perdidos ou confusos. A sabedoria de Jesus nos inspira a valorizar a Palavra de Deus e a buscar um relacionamento mais profundo com Ele. Em tempos de crise ou dúvida, é fundamental lembrar que a busca por Deus é um caminho que requer paciência e fé.

O reencontro de Jesus no Templo é um convite à reflexão sobre a nossa própria jornada de fé. Que possamos, como Maria, guardar as palavras de Jesus em nossos corações e buscar sempre a sua presença em nossas vidas. Que a intercessão de Nossa Senhora nos ajude a viver com fé e confiança, sabendo que, mesmo em meio às dificuldades, Deus está sempre conosco.


VI - Agonia de Jesus no Horto das Oliveiras

A agonia de Jesus no Horto das Oliveiras é um momento crucial na vida do Senhor e na história da salvação. Este episódio, que ocorre antes da sua paixão e morte, revela a profundidade do amor de Cristo pela humanidade e a sua total submissão à vontade do Pai. Ao contemplar este mistério, os fiéis são convidados a refletir sobre o sofrimento e a entrega de Jesus, que se tornaram a fonte de redenção para todos nós.

A intensidade da dor que Jesus experimentou é descrita de forma vívida nos Evangelhos. Em Lucas 22:44, lemos: "E, estando em agonia, orava mais intensamente; e o seu suor se tornou como gotas de sangue que caíam sobre a terra." Este versículo nos mostra a profundidade do sofrimento de Jesus, que não era apenas físico, mas também espiritual. A agonia no Horto é um testemunho da luta interior que Ele enfrentou, um momento em que a sua humanidade se manifestou de maneira mais clara.

O conflito interno de Jesus entre sua humanidade e a vontade do Pai é palpável. Em Mateus 26:39, Ele se prostra e clama: "Pai meu, se é possível, passe de mim este cálice; todavia, não seja como eu quero, mas como tu." Aqui, Jesus expressa seu desejo humano de evitar o sofrimento, mas ao mesmo tempo, submete-se à vontade divina. Essa entrega total é um exemplo poderoso para todos os cristãos, que muitas vezes enfrentam suas próprias lutas e incertezas.

Durante sua agonia, Jesus também experimentou a solidão. Ele pediu aos seus discípulos que vigiassem e orassem com Ele, mas encontrou-os dormindo. No entanto, em Lucas 22:43, encontramos um consolo: "E apareceu-lhe um anjo do céu, que o confortava." Este momento revela que, mesmo na solidão, Deus não abandona seus filhos. O anjo que conforta Jesus simboliza a presença divina que nos sustenta em nossos momentos de dor e desespero.

A agonia de Jesus é profundamente relevante para a vida dos fiéis. Cada um enfrenta suas próprias batalhas, sejam elas físicas, emocionais ou espirituais. A entrega de Jesus no Horto das Oliveiras nos inspira a aceitar a vontade de Deus, mesmo em momentos de sofrimento. Ao meditar sobre a agonia de Cristo, os fiéis são chamados a oferecer suas dores a Deus, confiando que, assim como Jesus, eles também podem encontrar força e consolo na entrega.

Ao concluir esta reflexão, é importante lembrar que a agonia de Jesus é um convite à oração e à entrega. Que os fiéis possam pedir a Deus a força para aceitar Sua vontade, assim como Jesus fez no Horto das Oliveiras. Em Mateus 26:42, Jesus nos ensina a orar: "Pai, se não pode passar de mim este cálice, sem que eu o beba, faça-se a tua vontade." Que esta oração ressoe em nossos corações, guiando-nos em nossa jornada de fé e confiança em Deus.


VII - Flagelação de Jesus, preso à coluna

A flagelação de Nosso Senhor Jesus Cristo é um dos momentos mais dolorosos e significativos da Paixão. Este mistério nos convida a refletir sobre o sofrimento que Cristo suportou por amor a nós e a importância desse sacrifício em nossa vida cristã. Ao meditar sobre a flagelação, somos chamados a compreender a profundidade do amor de Deus, que se manifesta na dor e na entrega de Seu Filho.

A flagelação de Jesus é um ato de violência que revela não apenas a crueldade humana, mas também a disposição de Jesus em aceitar o sofrimento por amor à humanidade. Conforme relatado em João 19:1, "Então Pilatos tomou Jesus e o fez açoitar." Este momento nos lembra que, mesmo sendo inocente, Jesus suportou a dor para nos redimir, mostrando-nos que o amor verdadeiro muitas vezes exige sacrifício e sofrimento.

A flagelação é um convite à reflexão sobre o sofrimento que muitos enfrentam em suas vidas. Santos como São João Paulo II e Santa Teresa de Lisieux falaram sobre a importância do sofrimento na vida cristã. São João Paulo II, em sua carta "Salvifici Doloris", nos lembra que "o sofrimento é uma parte essencial da experiência humana e pode ser uma forma de união com Cristo". Assim, ao contemplarmos a flagelação, somos chamados a unir nossos próprios sofrimentos ao de Cristo, reconhecendo que, através da dor, podemos encontrar um caminho para a santidade.

A flagelação de Jesus não é apenas um momento de dor, mas também de esperança. Em Isaías 53:5, lemos: "Mas ele foi ferido por nossas transgressões, moído por nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados." Este versículo nos lembra que o sofrimento de Cristo traz cura e redenção para todos nós. Através de Sua dor, somos convidados a experimentar a misericórdia e o amor de Deus, que nos oferece a salvação.

Os mártires da Igreja, como Santo Estêvão e São Pedro, também enfrentaram o sofrimento e a morte por sua fé. Eles nos ensinam a abraçar a dor com coragem e a ver o sofrimento como um caminho para a santidade. A vida deles é um testemunho de que, mesmo em meio à dor, podemos encontrar força e esperança em Cristo. Assim como Jesus, que suportou a flagelação e a cruz, os mártires nos mostram que a verdadeira fé é capaz de transformar o sofrimento em um ato de amor e entrega.

Senhor Jesus, que suportaste a flagelação por amor a nós, ajuda-nos a compreender o valor do sofrimento em nossas vidas. Que possamos, assim como os santos, encontrar força em Ti e oferecer nossas dores como um sacrifício de amor. Que a Tua paixão nos inspire a viver com coragem e fé. Amém.


VII - Coroação de espinhos

O mistério da Coroação de Espinhos nos convida a refletir sobre o sofrimento e a humilhação que Jesus enfrentou antes de sua crucificação. Este momento, que é um dos mais dolorosos da Paixão, revela não apenas a dor física que Cristo suportou, mas também a rejeição e a zombaria que Ele enfrentou por amor à humanidade. A Coroação de Espinhos é, portanto, um momento de profunda dor, mas também de amor redentor, onde o sofrimento se transforma em um ato de salvação.

Na Coroação de Espinhos, Jesus é ridicularizado e coroado com uma coroa feita de espinhos, simbolizando não apenas seu sofrimento físico, mas também a rejeição e a zombaria que Ele enfrentou. Em Mateus 27:29, lemos: "E, tecendo uma coroa de espinhos, puseram-lha na cabeça e uma cana na mão direita; e, ajoelhando-se diante dele, o escarneciam, dizendo: 'Salve, Rei dos Judeus!'". Este ato de zombaria não apenas fere o corpo de Cristo, mas também ataca sua dignidade como Filho de Deus. A dor que Ele suporta é um testemunho do amor que tem por cada um de nós, um amor que se entrega até as últimas consequências.

Este ato de coroar Jesus com espinhos nos lembra que, mesmo em meio ao sofrimento, Ele é o Rei. A coroa de espinhos simboliza a dor que Ele suportou por amor à humanidade. Santo Agostinho disse: "O sofrimento é um mistério que nos une a Cristo, que sofreu por nós". Através de seu sofrimento, Jesus nos mostra que a dor não é em vão, mas pode ser um meio de redenção e transformação. Ele nos convida a unir nossas próprias dores às suas, reconhecendo que, em nossa fragilidade, encontramos força em sua cruz.

Muitos santos e mártires, como São João Paulo II e Santa Teresa de Lisieux, encontraram inspiração no sofrimento de Cristo. Eles nos ensinam que, ao aceitarmos nossas cruzes, podemos nos unir mais profundamente a Ele. São João Paulo II afirmou: "O sofrimento é um caminho para a santidade". A vida dos santos nos mostra que o sofrimento, quando vivido em comunhão com Cristo, se torna um meio de graça e um testemunho de fé. Eles nos encorajam a não temer a dor, mas a aceitá-la como parte de nossa jornada espiritual.


IX - Jesus carrega a cruz a caminho do Calvário

A condução da Cruz ao Calvário é um dos momentos mais profundos e significativos da Paixão de Cristo. Este evento nos convida a refletir sobre o amor sacrificial de Jesus e o significado da dor e do sofrimento na vida cristã. A caminhada de Jesus, carregando a Cruz, é um testemunho de sua entrega total e de sua disposição em assumir o peso dos pecados da humanidade. Como nos ensina o Evangelho de Lucas, "Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome cada dia a sua cruz e siga-me" (Lucas 9:23) . Este chamado nos convida a aceitar nossas próprias cruzes e a seguir o exemplo de Cristo.

A Cruz representa o amor incondicional de Jesus por nós. Em João 15:13, lemos: "Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a sua vida pelos seus amigos" . Este versículo nos lembra que a entrega de Cristo na Cruz é a máxima expressão do amor divino. Ao contemplar a Cruz, somos chamados a reconhecer que, através do sofrimento e da morte, Jesus nos oferece a salvação. A Cruz, portanto, não é apenas um símbolo de dor, mas também de esperança e redenção.

A caminhada de Jesus com a Cruz é um testemunho de perseverança e fé. Ele não apenas carrega o peso físico da Cruz, mas também o peso dos pecados da humanidade. Ao longo de sua jornada, Jesus nos ensina a importância de aceitar as dificuldades da vida. Através de sua dor, Ele nos mostra que o sofrimento pode ser um meio de crescimento espiritual e de união com Deus. Assim como Ele enfrentou a adversidade com coragem, somos chamados a fazer o mesmo em nossas vidas.

Santos como São Francisco de Assis e Santa Teresa de Lisieux nos mostram como abraçar a cruz com amor e alegria. São Francisco, ao se identificar com o sofrimento de Cristo, dizia: "É dando que se recebe." Ele viveu sua vida em total entrega, reconhecendo que o amor verdadeiro muitas vezes exige sacrifício. Santa Teresa, por sua vez, ensinou que "a vida é um caminho de cruz, mas também de amor." Esses exemplos nos inspiram a ver nossas próprias cruzes como oportunidades de crescimento na fé e no amor.

O sofrimento é uma parte inevitável da vida, mas, como cristãos, somos chamados a ver a cruz como um meio de redenção. Em Romanos 5:3-4, Paulo nos lembra: "E não somente isso, mas também nos gloriamos nas tribulações, sabendo que a tribulação produz a paciência; e a paciência, a experiência; e a experiência, a esperança". Esta passagem nos convida a transformar nossa perspectiva sobre o sofrimento, reconhecendo que ele pode nos levar a uma experiência mais profunda do amor de Deus e à esperança da ressurreição.

Senhor Jesus, ao contemplar a Tua Cruz, peço-Te que me ajudes a aceitar as minhas próprias cruzes com amor e fé. Que eu possa ver em cada sofrimento uma oportunidade de me unir a Ti e de crescer em santidade. Amém.


X - Jesus é crucificado e morre na cruz

A crucificação de Jesus Cristo é o ponto culminante da Sua missão redentora. Este ato de amor supremo nos convida a refletir sobre o significado profundo do sofrimento e da morte de Cristo, que nos trouxe a salvação. A cruz, que inicialmente simbolizava vergonha e dor, tornou-se um sinal de esperança e redenção para toda a humanidade. Como nos recorda o apóstolo Paulo em Gálatas 6:14: "Mas longe esteja de mim gloriar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim, e eu para o mundo." Essa passagem nos convida a contemplar a cruz não apenas como um evento histórico, mas como um mistério que transforma vidas.

Na cruz, Jesus não apenas sofreu fisicamente, mas também carregou o peso dos nossos pecados. Em João 3:16, lemos: "Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna." Este versículo nos lembra que a crucificação é a expressão máxima do amor de Deus por nós. O sofrimento de Cristo na cruz é um testemunho do amor divino que se entrega completamente por aqueles que ama. Como disse Santo Agostinho, "Deus não se contentou em amar, mas amou até o fim."

A crucificação é também um convite à reflexão sobre o nosso próprio sofrimento. Assim como Jesus, muitos santos e mártires ao longo da história enfrentaram a dor e a perseguição com coragem e fé. Santa Teresa de Lisieux, por exemplo, viu na sua própria vida e sofrimento uma participação no mistério da cruz. Ela disse: "A cruz é o meu único tesouro, e eu a aceito com amor." Este testemunho nos inspira a aceitar nossas cruzes diárias, sabendo que elas podem nos unir mais profundamente a Cristo.

A morte de Cristo na cruz não foi um fim, mas um novo começo. Como nos ensina a Carta aos Hebreus 12:2: "Olhando para Jesus, autor e consumador da fé, o qual, pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz, desprezando a vergonha, e assentou-se à direita do trono de Deus." A ressurreição de Cristo é a confirmação de que o sofrimento e a morte não têm a última palavra. Através da cruz, Ele nos oferece a vida eterna e a esperança de um futuro glorioso.

Os mártires da Igreja, como São Pedro e São Paulo, também nos mostram que a cruz é um caminho para a glória. Eles enfrentaram a morte com fé inabalável, sabendo que a crucificação de Cristo havia aberto as portas do céu. A coragem deles nos encoraja a viver nossa fé com intensidade, mesmo diante das dificuldades.

A crucificação de Nosso Senhor Jesus Cristo é um mistério profundo que nos convida a meditar sobre o amor, o sofrimento e a redenção. Ao contemplarmos a cruz, somos chamados a reconhecer a presença de Deus em nossas próprias dores e a aceitar o convite de Cristo para segui-lo. Que possamos, assim como os santos, encontrar força e esperança na cruz, sabendo que ela é o caminho para a verdadeira vida.

Senhor Jesus, ao contemplar a Tua cruz, reconheço o imenso amor que tens por mim. Ajuda-me a aceitar as minhas cruzes diárias com fé e coragem, e a viver cada momento em união contigo. Que o Teu sacrifício me inspire a amar os outros e a buscar a santidade. Amém.





XI - A ressurreição de Jesus

A Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo é o fundamento da fé cristã, representando a vitória sobre a morte e a promessa de vida eterna. Este mistério nos convida a refletir sobre a profundidade do amor de Deus por nós e a esperança que temos em Cristo. Como nos ensina São Paulo, "se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação, e vã é também a vossa fé" (1 Coríntios 15:14). A ressurreição não é apenas um evento histórico, mas a realização do plano de salvação de Deus para a humanidade, que nos oferece a possibilidade de uma nova vida.

A Bíblia nos ensina que a Ressurreição é central para a nossa salvação. Em 1 Coríntios 15:20-22, Paulo afirma: "Mas de fato, Cristo ressuscitou dos mortos, sendo ele as primícias dos que dormem. Porque, assim como a morte veio por um homem, também a ressurreição dos mortos veio por um homem." Esta passagem nos revela que a ressurreição de Cristo é o primeiro passo na restauração da criação, trazendo esperança a todos aqueles que crêem. A morte, que entrou no mundo através do pecado, foi derrotada pela vida que Cristo nos oferece.

Os santos e mártires da Igreja, como São Pedro e São Paulo, testemunharam a Ressurreição com suas vidas. Eles enfrentaram a morte com coragem, sabendo que a Ressurreição de Cristo lhes prometia a vida eterna. São João Paulo II disse: "A ressurreição é a última palavra da auto-revelação de Deus"3. Este testemunho é um convite para que todos os cristãos vivam com a mesma fé e determinação, sabendo que a vida não termina com a morte, mas se transforma em uma nova e gloriosa existência junto a Deus.

A Ressurreição nos chama a viver com esperança e fé. Em Romanos 6:4, lemos: "Fomos, pois, sepultados com ele na morte pelo batismo, para que, como Cristo ressuscitou dos mortos pela glória do Pai, assim também andemos nós em novidade de vida." Esta passagem nos lembra que, através do batismo, somos incorporados ao mistério pascal de Cristo. A ressurreição nos convida a uma vida nova, marcada pela graça e pela transformação, onde somos chamados a ser luz no mundo e testemunhas do amor de Deus.

Senhor Jesus, que pela Tua Ressurreição nos deste a esperança da vida eterna, ajuda-nos a viver cada dia com a certeza de que a morte não é o fim, mas o início de uma nova vida em Ti. Que possamos ser testemunhas do Teu amor e da Tua vitória sobre a morte. Amém.



XII - A ascensão de Jesus ao céu

A Assunção de Jesus ao Céu é um dos mistérios centrais da fé cristã, que nos convida a refletir sobre a natureza da nossa esperança e a promessa de vida eterna. Este evento não é apenas um ato de separação, mas a culminação da missão redentora de Cristo, que nos abre as portas do Céu. Como nos ensina o Papa Francisco, a Ascensão não é a ausência de Jesus, mas a sua glorificação, onde Ele se senta à direita do Pai, trazendo consigo a nossa humanidade e as nossas esperanças.

A Bíblia nos apresenta a Assunção de Jesus em várias passagens. Em Atos dos Apóstolos 1:9-11, lemos: "Depois de dizer isso, foi elevado às vistas deles, e uma nuvem o encobriu de seus olhos. E, enquanto eles estavam com os olhos fixos no céu, enquanto ele subia, eis que dois homens vestidos de branco se puseram ao lado deles". Esta passagem nos mostra que a ascensão de Cristo é um ato glorioso, que nos assegura que Ele está vivo e presente junto ao Pai. A nuvem que encobre Jesus simboliza a sua divindade e a sua entrada na glória celestial, onde Ele intercede por nós.

A Assunção de Jesus nos lembra que, assim como Ele subiu ao Céu, também nós somos chamados a elevar nossos corações e mentes a Deus. Em Colossenses 3:1, somos exortados: "Se, pois, fostes ressuscitados com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está sentado à direita de Deus". Este chamado à busca das coisas celestiais nos convida a viver em esperança e a nos preparar para a vida eterna. A ascensão de Cristo é, portanto, um convite a não nos deixarmos prender pelas coisas deste mundo, mas a aspirar à plenitude da vida em Deus.

Santos como São João Paulo II e Santa Teresa de Lisieux nos inspiram a viver a Assunção de Cristo em nossas vidas. São João Paulo II frequentemente falava sobre a importância da esperança na ressurreição, afirmando que "a ressurreição de Cristo é a última palavra da auto-revelação de Deus". Ele nos encorajava a viver com a certeza de que a morte não é o fim, mas um novo começo. Santa Teresa, por sua vez, nos ensinou a confiar na misericórdia de Deus, que nos leva à vida eterna. Ambos nos lembram que a Assunção é um convite à santidade e à entrega total a Deus, refletindo a luz da ressurreição em nossas vidas cotidianas.

Senhor Jesus, ao contemplar a Tua Assunção ao Céu, eu Te louvo e agradeço pela promessa de vida eterna. Ajuda-me a viver cada dia com a esperança de que um dia estarei contigo na glória. Que a Tua ascensão me inspire a buscar as coisas do alto e a viver em santidade. Amém.




XIII - A descida do Espírito Santo

Refletir sobre a descida do Espírito Santo é mergulhar em um dos momentos mais significativos da história da Igreja. Este evento, que ocorreu no dia de Pentecostes, marca o início da missão da Igreja e a plenitude da presença do Espírito Santo entre os fiéis. A descida do Espírito Santo não é apenas um acontecimento histórico, mas um mistério que continua a se desdobrar na vida da Igreja e de cada cristão.

Antes de sua ascensão, Jesus prometeu aos seus discípulos que enviaria o Espírito Santo: "E eu pedirei ao Pai, e ele lhes dará outro Consolador, para estar com vocês para sempre" (João 14:16). Essa promessa é fundamental para entendermos a importância do Espírito Santo na vida da Igreja e dos cristãos. O Espírito Santo é o Consolador que nos guia, nos fortalece e nos ensina a viver a fé de maneira autêntica.

No dia de Pentecostes, os discípulos estavam reunidos em oração quando o Espírito Santo desceu sobre eles, como línguas de fogo. "E todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito os capacitava" (Atos 2:4). Este momento não apenas fortaleceu os apóstolos, mas também os enviou a proclamar o Evangelho a todas as nações. A transformação que ocorreu naquele dia é um testemunho do poder do Espírito Santo, que capacita os fiéis a serem testemunhas corajosas do amor de Deus.

A descida do Espírito Santo transformou os medrosos discípulos em corajosos pregadores. Santo Agostinho disse: "O Espírito Santo é o amor que une o Pai e o Filho". Essa união é o que nos capacita a viver e testemunhar a fé com coragem e amor. A coragem dos apóstolos, que antes temiam pela própria vida, agora se tornaram os pilares da Igreja, é um exemplo claro de como o Espírito Santo atua na vida dos crentes, transformando-os e enviando-os em missão.

Muitos santos e mártires, como São Pedro e São Paulo, foram guiados pelo Espírito Santo em suas missões. Eles enfrentaram perseguições e até a morte, mas sempre com a certeza de que o Espírito os fortalecia. A vida de São João Paulo II, que frequentemente falava sobre a importância do Espírito Santo, é um exemplo contemporâneo de como essa presença divina nos guia em tempos de dificuldade. Ele disse: "O Espírito Santo é o grande protagonista da história da Igreja", lembrando-nos que é através do Espírito que a Igreja continua a sua missão no mundo.

Vinde, Espírito Santo, e enchei os corações dos vossos fiéis e acendei neles o fogo do vosso amor. Enviai o vosso Espírito e tudo será criado, e renovareis a face da terra. Amém





XIV - A assunção da Santíssima Virgem ao céu

A Assunção da Santíssima Virgem Maria é um dos mistérios mais profundos da fé cristã, celebrando a elevação de Maria ao Céu, corpo e alma. Este evento não é apenas um reconhecimento da sua santidade, mas também um sinal de esperança para todos os fiéis. A Igreja, ao celebrar a Assunção, nos convida a refletir sobre o papel de Maria na história da salvação e a sua intercessão contínua em nossas vidas. Como nos ensina o Papa Pio XII, a Assunção é um "ato de louvor e exaltação da Santa Virgem" que nos lembra da glorificação que todos os fiéis esperam após a morte.

Desde os primeiros séculos, a Igreja tem venerado a Assunção de Maria. O dogma, proclamado pelo Papa Pio XII em 1950, afirma que Maria, ao final de sua vida terrena, foi elevada ao Céu. Essa crença é sustentada por passagens bíblicas que falam da glorificação dos justos, como em Filipenses 3:20-21: "Mas a nossa cidadania está nos céus, de onde também aguardamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, que transformará o nosso corpo de humilhação, para ser igual ao corpo da sua glória". A tradição cristã, ao longo dos séculos, sempre reconheceu a importância de Maria como a Mãe de Deus e sua glorificação é um testemunho da sua pureza e obediência à vontade divina.

Maria é um exemplo de fé e obediência a Deus. Sua resposta ao anjo na Anunciação, "Eis aqui a serva do Senhor" (Lucas 1:38), reflete sua total entrega à vontade divina. Santos como São João Paulo II frequentemente mencionaram Maria como fonte de inspiração e intercessão em suas vidas, afirmando que "Maria, nossa Mãe, é dom do mesmo Cristo à humanidade". A devoção a Maria tem sido um pilar na vida de muitos mártires e santos, que a tomaram como modelo de virtude e entrega a Deus. Santa Teresa de Lisieux, por exemplo, via em Maria a perfeita discípula de Cristo, e sua vida de oração e entrega é um testemunho do amor maternal que Maria oferece a todos os seus filhos.

A Assunção de Maria nos lembra da promessa de ressurreição e vida eterna. Em 1 Coríntios 15:20-22, Paulo nos assegura: "Mas de fato, Cristo ressuscitou dentre os mortos, sendo ele as primícias dos que dormem. Porque, assim como a morte veio por um homem, também a ressurreição dos mortos veio por um homem." A Assunção é um prenúncio da nossa própria ressurreição, um sinal de que a morte não é o fim, mas um passo para a vida eterna. Como nos ensina o Papa Bento XVI, "a Assunção de Maria é um sinal de esperança e consolação" para todos os cristãos.

Ó Maria, Mãe de Deus e nossa Mãe, que foste elevada ao Céu em corpo e alma, intercede por nós junto ao teu Filho. Que possamos seguir o teu exemplo de fé e amor, e que, assim como tu, possamos um dia estar na glória eterna. Amém.

A Assunção da Santíssima Virgem é um mistério que nos convida a olhar para o céu e a viver com esperança. Que a vida de Maria nos inspire a buscar a santidade e a confiar na promessa de Deus de que um dia estaremos com Ele na eternidade. Que, ao celebrarmos este mistério, possamos nos aproximar mais de Cristo, através da intercessão da Mãe que nos guia e protege em nossa jornada de fé.




XV - A coroação de Nossa Senhora, como Rainha do céu e da terra.

A coroação de Nossa Senhora como Rainha do céu e da terra é um mistério profundo que nos convida a reconhecer seu papel especial na história da salvação e sua intercessão por nós. Este evento não é apenas um símbolo de sua grandeza, mas também um testemunho da sua fidelidade e amor incondicional a Deus e à humanidade. Ao refletirmos sobre este mistério, somos chamados a entender a importância de Maria em nossa vida espiritual e a buscar sua intercessão em nossas jornadas diárias.

A coroação de Nossa Senhora é um reconhecimento de sua posição exaltada junto a Cristo. Em Apocalipse 12:1, lemos: "Apareceu no céu um grande sinal: uma mulher vestida de sol, com a lua debaixo dos pés e uma coroa de doze estrelas na cabeça." Esta imagem poderosa nos lembra que Maria é a Mãe do Salvador e, portanto, Rainha do universo. Sua coroação é um reflexo de sua dignidade e de seu papel como intercessora junto a Deus, mostrando que ela não é apenas uma figura distante, mas uma Mãe que cuida de seus filhos com amor e compaixão.

Maria, ao aceitar ser a Mãe de Jesus, se tornou co-participante na obra da salvação. Em Lucas 1:38, ela diz: "Eis aqui a serva do Senhor; cumpra-se em mim segundo a tua palavra." Essa disposição a servir a Deus é um exemplo para todos nós. A aceitação do plano divino por parte de Maria nos ensina sobre a importância da obediência e da entrega à vontade de Deus. Sua vida é um modelo de fé e confiança, mostrando que, mesmo diante das dificuldades, podemos dizer "sim" ao chamado de Deus.

Santos como São João Paulo II e Santa Teresa de Lisieux expressaram sua devoção a Maria, reconhecendo-a como Rainha e Mãe. São João Paulo II frequentemente se referia a Maria como "Mãe da Igreja", enfatizando seu papel essencial na vida da comunidade cristã e sua intercessão constante por nós. Ele afirmou que "Maria, nossa Mãe, é dom do mesmo Cristo à humanidade, com uma especial intenção de amor". Santa Teresa de Lisieux, por sua vez, a chamava de "Mãe da Misericórdia", reconhecendo sua capacidade de consolar e interceder por aqueles que se encontram em dificuldades. Esses santos nos inspiram a cultivar uma relação mais profunda com Maria, buscando sua proteção e orientação em nossas vidas.

A coroação de Nossa Senhora nos convida a refletir sobre nossa própria vocação à santidade. Assim como Maria foi coroada por sua fidelidade e amor, somos chamados a viver em conformidade com a vontade de Deus, buscando a santidade em nossas vidas diárias. Através da oração e da devoção a Maria, podemos nos aproximar mais de Cristo e fortalecer nossa fé. A vida de Maria nos ensina que a verdadeira grandeza vem do serviço e da humildade, e que, ao seguirmos seu exemplo, podemos também ser instrumentos da graça de Deus no mundo.

Ó Maria, Rainha do Céu e da Terra, intercede por nós junto a teu Filho, para que possamos viver em amor e santidade, seguindo teu exemplo de fé e obediência. Amém.


XVI - O baptismo de Jesus no Jordão

Refletir sobre o batismo de Jesus no Jordão é mergulhar em um momento crucial da história da salvação, onde a divindade de Cristo é revelada e a sua missão é inaugurada. Este mistério nos convida a contemplar a importância do batismo e a nossa própria identidade como filhos de Deus. O batismo de Jesus, conforme narrado nos Evangelhos, não é apenas um rito de purificação, mas um ato profundo que marca o início da sua vida pública e a manifestação da Santíssima Trindade. Neste momento, o céu se abre, e a voz do Pai ressoa: "Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo" (Mateus 3:17).

No batismo de Jesus, encontramos a manifestação da Santíssima Trindade: o Filho sendo batizado, o Espírito Santo descendo em forma de pomba e a voz do Pai proclamando a sua filiação divina. Este momento é um testemunho poderoso da unidade e da missão divina. Jesus, embora sem pecado, submete-se ao batismo de João, que era um batismo de arrependimento, para "cumprir toda a justiça" (Mateus 3:15). Este gesto de humildade e obediência nos ensina sobre a importância da submissão à vontade de Deus, mesmo quando não compreendemos plenamente os Seus desígnios.

Através do batismo, Jesus se identifica com a humanidade pecadora, antecipando a sua missão redentora. Ele é o "Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo" (João 1:29), e ao se submeter ao batismo, Ele inicia o caminho que o levará à cruz. Este ato é um convite para que todos nós também busquemos a purificação e a renovação em nossas vidas, reconhecendo a necessidade de arrependimento e conversão.

Como Rainha do Céu e da Terra, Nossa Senhora também tem um papel fundamental na contemplação deste mistério. Ela, que foi escolhida para ser a Mãe do Salvador, nos ensina a acolher a vontade de Deus em nossas vidas. Sua resposta ao anjo Gabriel, "Eis aqui a serva do Senhor" (Lucas 1:38), é um exemplo de total entrega e confiança em Deus. Assim como Jesus, ela nos convida a nos entregarmos ao plano divino, permitindo que o Espírito Santo atue em nós.

Os santos e mártires da Igreja, como São João Batista, que preparou o caminho para o Senhor, também nos inspiram a viver uma vida de fé e testemunho. A coragem de São João em proclamar a verdade, mesmo diante da morte, nos lembra da importância de sermos fiéis ao chamado de Deus em nossas vidas. Ele disse: "É necessário que ele cresça e que eu diminua" (João 3:30), uma atitude que todos devemos cultivar em nosso relacionamento com Cristo.

Ó Senhor Jesus, que no batismo no Jordão revelaste a Tua identidade como o Filho amado do Pai, ajuda-nos a compreender a profundidade deste mistério. Que possamos, assim como Nossa Senhora, abrir nossos corações à Tua vontade e permitir que o Espírito Santo nos transforme. Que a intercessão dos santos nos fortaleça na busca pela santidade e na vivência do nosso batismo. Amém.




XVII - A auto-revelação de Jesus nas bodas de Caná

As bodas de Caná, descritas no Evangelho de João, representam o primeiro milagre de Jesus, onde Ele transforma água em vinho, revelando Sua glória e a natureza de Sua missão. Este evento é um convite à reflexão sobre a auto-revelação de Cristo e o significado profundo do amor e da alegria que Ele traz à vida humana. A presença de Jesus nas bodas não é acidental; é um sinal de que Ele vem para transformar a realidade humana, trazendo alegria e abundância.

No Evangelho de João, lemos: "E, ao terceiro dia, fizeram-se umas bodas em Caná da Galileia; e estava ali a mãe de Jesus" (João 2:1)1. A transformação da água em vinho é um símbolo da nova aliança que Ele estabelece, onde o vinho representa Seu sangue, que será derramado por nós. Este milagre não apenas demonstra o poder de Jesus, mas também revela a Sua missão de trazer vida nova e abundância à humanidade. A alegria do vinho novo é um prenúncio da alegria que Cristo oferece a todos os que O seguem.

Maria, ao perceber a falta de vinho, intercede junto a Jesus: "Eles não têm vinho" (João 2:3). Sua ação é um exemplo de fé e confiança na capacidade de Jesus de transformar situações difíceis. Ela nos ensina a importância da intercessão e da confiança em Deus em momentos de necessidade. Assim como Maria, somos chamados a reconhecer nossas limitações e a levar nossas preocupações a Cristo, confiando que Ele pode agir em nossas vidas.

O milagre de Caná nos convida a refletir sobre a abundância do amor de Deus. Assim como o vinho de Jesus era melhor do que o primeiro, a vida que Ele nos oferece é sempre superior. Santo Agostinho disse: "A alegria é a nossa força". A presença de Cristo em nossas vidas transforma a tristeza em alegria e a falta em abundância. Este milagre nos lembra que, mesmo nas situações mais desafiadoras, a intervenção de Jesus pode trazer renovação e esperança.

As bodas de Caná nos lembram que Jesus está presente em todos os aspectos da nossa vida, especialmente nas nossas celebrações e momentos de alegria. Devemos convidá-Lo para nossas vidas, permitindo que Ele transforme nossas dificuldades em bênçãos. Como São João Paulo II afirmou, "a presença de Cristo no matrimônio é um sinal eficaz de Sua graça". Ao vivermos em união com Cristo, podemos experimentar a plenitude da vida que Ele nos oferece.

Senhor Jesus, que nas bodas de Caná revelaste a Tua glória, ajuda-nos a reconhecer a Tua presença em nossas vidas. Que possamos sempre confiar em Ti, assim como Maria fez, e permitir que a Tua alegria e amor transformem nossas dificuldades em bênçãos. Amém.



XVIII - O anúncio do Reino e o convite à conversão

O anúncio do Reino de Deus é um dos temas centrais na mensagem de Jesus Cristo. Ele nos convida a uma profunda conversão, a uma transformação de vida que nos permite experimentar a plenitude do amor divino. Jesus, em Marcos 1,15, proclama: "O tempo está cumprido, e o Reino de Deus está próximo; arrependei-vos e crede no Evangelho." Essa chamada à conversão não é apenas um convite a mudar comportamentos, mas a abrir o coração para a ação transformadora de Deus em nossas vidas.

O Reino de Deus é apresentado por Jesus como uma realidade que já se faz presente entre nós, mas que também se projeta para o futuro. Ele é um reino de justiça, paz e alegria, onde a vontade de Deus é plenamente realizada. Em Lucas 17,21, Jesus afirma: "O Reino de Deus está dentro de vós." Essa afirmação nos lembra que a transformação começa em nosso interior, na disposição de acolher a graça divina e permitir que ela molde nossas vidas.

A conversão é um processo contínuo, uma jornada de transformação interior que nos leva a buscar a verdade e a viver de acordo com os desígnios de Deus. Santo Agostinho, em suas Confissões, expressa essa busca ao dizer: "Tu nos fizeste para Ti, Senhor, e nosso coração está inquieto até que descanse em Ti." Essa inquietude é um sinal da nossa necessidade de Deus e do desejo de viver plenamente em Seu Reino.

Os santos e mártires da Igreja são testemunhas vivas do anúncio do Reino e da resposta à conversão. São Francisco de Assis, por exemplo, renunciou a uma vida de riqueza e conforto para se dedicar ao serviço dos pobres, encontrando verdadeira alegria em sua entrega. Sua vida reflete o amor de Deus em ação, mostrando que o Reino se manifesta na prática da caridade e na busca pela justiça. Da mesma forma, os mártires, que deram suas vidas por amor a Cristo, nos ensinam que a verdadeira conversão muitas vezes exige sacrifício e coragem.

A oração é um meio essencial para vivermos a conversão e a experiência do Reino de Deus. Em Lucas 11,2, Jesus nos ensina a orar: "Pai nosso, que estais nos céus, santificado seja o vosso nome; venha o vosso Reino." Esta oração nos lembra que devemos buscar o Reino de Deus acima de tudo, colocando nossa vida sob a Sua orientação e permitindo que Sua vontade se realize em nós.

Ao meditarmos sobre o anúncio do Reino e o convite à conversão, somos chamados a abrir nossos corações para a transformação que Deus deseja realizar em nós. Que possamos viver essa realidade em nossas vidas, buscando sempre a justiça, a paz e a alegria que o Reino de Deus nos oferece.

Senhor Deus, que nos chamais a viver no vosso Reino, concedei-nos a graça da conversão. Que possamos, como os santos, testemunhar o vosso amor e a vossa justiça em nossas vidas. Amém.



XIX - A transfiguração de Jesus no Tabor

A Transfiguração de Jesus no Tabor é um dos mistérios mais profundos da fé cristã, revelando a divindade de Cristo e preparando os discípulos para a sua Paixão. Este evento é um convite à contemplação da glória de Deus e à transformação interior que ela provoca em nós. Ao subir ao monte Tabor, Jesus se revela em sua verdadeira essência, mostrando aos discípulos um vislumbre de sua glória divina, que será plenamente manifestada na Ressurreição.

No monte Tabor, Jesus se transfigura diante de Pedro, Tiago e João, mostrando sua verdadeira natureza divina. A Escritura nos diz: "E ele foi transfigurado diante deles; e seu rosto resplandeceu como o sol, e suas vestes se tornaram brancas como a luz" (Mateus 17:2). Este momento é um vislumbre da glória que Jesus possui e que será plenamente revelada na Ressurreição. A luz que emana de Cristo é um símbolo da presença divina, que ilumina não apenas os discípulos, mas também a história da salvação.

A presença de Moisés e Elias durante a Transfiguração simboliza a Lei e os Profetas, confirmando que Jesus é o cumprimento das promessas de Deus. Eles conversam com Jesus sobre sua 'partida', que se refere à sua morte e ressurreição, como mencionado em Lucas 9:31: "E apareceram-lhes Moisés e Elias, que falavam da sua morte, que havia de cumprir-se em Jerusalém". Este diálogo entre Jesus e as figuras centrais do Antigo Testamento destaca a continuidade da revelação divina e a importância da missão de Cristo, que não é apenas um novo começo, mas o cumprimento das promessas feitas ao povo de Israel.

Os discípulos, ao testemunharem a Transfiguração, são convidados a experimentar a presença de Deus de uma maneira única. A reação de Pedro, que sugere fazer três tendas, reflete o desejo humano de permanecer na experiência do divino. No entanto, a voz do Pai que diz: "Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo; a ele ouvi" (Mateus 17:5), os chama a ouvir e seguir Jesus em sua missão, que inclui a cruz. Esta experiência é um chamado à conversão e à disposição de seguir a Cristo, mesmo quando o caminho se torna difícil.

A Transfiguração nos convida a uma transformação pessoal. Assim como os discípulos foram mudados por essa experiência, somos chamados a permitir que a luz de Cristo transfigure nossas vidas. Santo Agostinho disse: "A medida que nos aproximamos de Deus, somos transformados em sua imagem". Essa transformação é um processo contínuo que nos leva a viver em amor e serviço ao próximo. A vida cristã é, portanto, um convite constante à conversão e à busca da santidade, refletindo a luz de Cristo em nossas ações diárias.

Senhor Jesus, que na montanha do Tabor revelaste a tua glória, ajuda-nos a contemplar a luz do teu rosto e a permitir que essa luz transforme nossas vidas. Que possamos ouvir a tua voz e seguir-te com coragem, mesmo nos momentos de dificuldade. Amém.




XX - A instituição da Eucaristia

A Eucaristia, também conhecida como a Santa Ceia, é um dos sacramentos mais profundos da fé católica, representando a presença real de Cristo entre nós. Este mistério nos convida a refletir sobre o amor incondicional de Deus e a nossa resposta a esse amor. Ao celebrarmos a Eucaristia, somos chamados a entrar em comunhão com o Senhor e com a comunidade de fiéis, reconhecendo que somos parte do Corpo de Cristo.

A instituição da Eucaristia é narrada nos Evangelhos, especialmente em Lucas 22:19-20, onde Jesus diz: "Isto é o meu corpo, que é dado por vós; fazei isto em memória de mim" Este ato de entrega é central para a nossa compreensão do sacrifício de Cristo e da nova aliança. Ao instituir a Eucaristia, Jesus não apenas nos deixou um rito, mas um convite à comunhão e à participação em sua vida e missão. Ele se oferece como alimento espiritual, nutrindo nossa fé e fortalecendo nossa união com Ele e entre nós.

A Eucaristia não é apenas um rito, mas um convite à comunhão com Deus e entre nós. Santo Agostinho disse: "A Eucaristia é o sacramento da unidade". Este sacramento nos une como Corpo de Cristo, fortalecendo nossa fé e nossa missão no mundo. Ao recebermos o Corpo e Sangue de Cristo, somos chamados a viver em unidade, a superar divisões e a ser instrumentos de paz e amor. A Eucaristia nos transforma, nos enviando para testemunhar o amor de Deus em nossas vidas cotidianas.

Muitos santos e mártires, como São Tarcísio, que deu a vida para proteger a Eucaristia, nos inspiram a valorizar este sacramento. São Tarcísio, considerado o padroeiro dos servidores da Eucaristia, demonstrou uma devoção exemplar ao sacramento, enfrentando perigos para garantir que o Santíssimo Sacramento fosse respeitado e adorado. Sua coragem e fé nos lembram da importância de defender e viver a fé eucarística em nossas vidas diárias, mesmo diante de desafios.

A Eucaristia nos chama a uma reflexão pessoal sobre como vivemos nossa fé. Em 1 Coríntios 11:26, Paulo nos lembra: "Todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice, anunciais a morte do Senhor, até que ele venha". Isso nos convida a viver como testemunhas do amor de Cristo no mundo. Cada celebração eucarística é uma oportunidade de renovar nosso compromisso com o Senhor e com nossos irmãos, de sermos sinais de esperança e de unidade em um mundo muitas vezes dividido.

Senhor Jesus, ao nos reunirmos em torno da mesa da Eucaristia, pedimos que nos ajudes a compreender a profundidade deste mistério. Que possamos ser sempre gratos pelo Teu sacrifício e que, ao recebermos o Teu corpo e sangue, sejamos transformados em instrumentos de paz e amor. Amém.





Algumas perguntas úteis

Devemos meditar o mistério e em seguida seguir as orações vocais ? Após a breve meditação do mistério, inicia-se a recitação do Pai Nosso na conta grande, seguindo pelas dez Ave-Marias em cada pequena conta. Durante cada Ave-Maria, é recomendável manter a atenção no mistério anunciado, permitindo que cada oração se torne um momento de contemplação e interiorização da misericórdia e do amor de Deus manifestados naquele mistério. Assim, a oração não é mecanicista, mas uma experiência viva e meditativa em que, de forma simultânea, se reza e se medita.

Como rezar vocalmente e meditar ao mesmo tempo ? Para rezar de forma vocal e, ao mesmo tempo, meditar sobre os mistérios do Rosário, recomenda-se adotar um ritmo que combine a pronunciação das orações com momentos de pausa para contemplar os episódios centrais da fé. Essa prática pode ser organizada em etapas que facilitam a concentração e a interiorização dos mistérios enquanto a oração é proferida em voz alta.

Como posso tornar o Rosário mais significativo e menos mecânico? Procure conhecer melhor o significado de cada mistério e visualize as cenas da vida de Jesus e de Maria enquanto reza. Ler breves meditações ou participar de grupos de oração pode ajudar a transformar a recitação em um momento de encontro pessoal com Deus. Experimente também variar o ambiente, buscando um local tranquilo para orar.

O que fazer quando pensamentos do dia a dia interrompem minha meditação? É normal que pensamentos sobre preocupações, tarefas ou até eventos do cotidiano apareçam durante a oração. Em vez de combatê-los com força, reconheça-os e “ofereça-os” a Deus, dedicando uma Ave-Maria a essas intenções. Assim, sua oração se torna um momento de entrega e confiança.

E se eu tiver dificuldade em encontrar tempo na minha rotina corrida? Faça como recomendou São Luiz, divida o Rosário ao longo do dia e reza uma dezena aqui e outra acolá, de forma que ao final do dia tenha-se rezado o Rosário completo ou ao menos o terço.

São Luiz fala que o mérito das orações em comum são multiplicadas, mas isso também é válido para orações feitas de forma online ? Tipo lives, rádio ou televisão ? A oração em comum, segundo a tradição católica, fundamenta-se na união sincera dos corações e na comunhão de intenções dos fiéis – o que confere à oração pública um caráter amplificado e mais salutar para a alma, conforme ensinamentos de São Luís e da doutrina da Igreja. Mesmo que os participantes não se encontrem fisicamente, como ocorre nas transmissões ao vivo, se houver o empenho de unir a própria intenção, o espírito e a fé, essa forma virtual de oração pode reproduzir os mesmos efeitos espirituais que uma reunião presencial, pois é o coração unido em oração o que verdadeiramente importa.

No entanto, é essencial que os que participem de uma live tenham em mente que a eficácia da oração em comum depende da consciência de estarem unidos num mesmo propósito, convidando, através da comunhão de intenções, a misericórdia e a graça divina. Ou seja, a tecnologia serve como meio de difundir a oração, mas o mérito reside na autenticidade do encontro espiritual – o qual transcende os limites do espaço físico e se fundamenta na fé que une o Corpo Místico de Cristo.

Portanto, desde que haja essa real comunhão de espírito e intenção, as vantagens da oração em conjunto – tais como a maior concentração, o acréscimo de méritos e a efetividade de apaziguar as aflições da alma – se estendem também às orações realizadas por meio de transmissões ao vivo. A unidade que a oração pública proporciona não se restringe à presença física, mas se manifesta na verdadeira comunhão entre os fiéis, independentemente do meio utilizado para se alcançarem uns aos outros.

Em que velocidade eu devo rezar o Rosário ?

A velocidade recomendada para rezar o Rosário não é uma questão de rapidez, mas sim de contemplação e meditação. O Rosário é uma oração que deve ser recitada com um ritmo tranquilo e pausado, permitindo que o fiel medite sobre os mistérios da vida de Cristo e de Maria. Essa abordagem contemplativa é essencial para que a oração não se torne uma repetição mecânica de fórmulas, mas sim uma experiência espiritual profunda.

Papa paulo VI enfatizou que "sem a contemplação, o Rosário é um corpo sem alma" e que sua recitação deve ajudar o indivíduo a meditar sobre os mistérios da vida do Senhor, vistos através dos olhos de Maria. Da mesma forma, Papa João Paulo II reiterou que o Rosário é uma oração "exquisitamente contemplativa" e que, sem essa dimensão, perde seu significado2. Portanto, a prática ideal é que a recitação do Rosário seja feita de forma a permitir uma reflexão profunda, em um ritmo que favoreça a meditação, em vez de uma pressa desnecessária.

Além disso, a prática do Rosário deve ser enriquecida pela participação na Eucaristia e pela invocação da proteção de Maria, conforme mencionado por Pope Pius XII, que destacou a importância de uma vida de oração que se estenda a todas as classes de pessoas3. Assim, a velocidade da recitação deve ser tal que favoreça a oração e a contemplação, permitindo que o fiel se aprofunde nos mistérios da fé.

Portanto, reze em uma velocidade que você julgue confortável, que não seja nem lenta demais para ficar chato, nem rápida demais para não conseguir meditar. Além disso, o mais importante é não rezar com pressa, procurando antes de mais nada acabar o Rosário para se ver livre dele. Aproveite a oração e os presentes que dela provém.

Posso rezar enquanto faço outra coisa ? Sim, desde que aquilo que você esteja fazendo seja mais mecânico e não atrapalhe a comtemplação dos mistérios. Por exemplo, é bem possível rezar o Rosário enquanto lava a louça, varre a casa ou dirije.

Caso você esteja fazendo algo que exija mais atenção, como estudar ou alguma outra tarefa que necessita tomada de decisão ou foco maior, é melhor que você se concentre na atividade em questão e reserve um tempo específico para rezar o Rosário com a devida atenção e devoção.

Conclusão e resumo

Enfim, chegamos ao final deste post extenso e repleto de significado. Foi um grande trabalho, mas cada esforço valeu a pena, pois acredito que ele trará frutos espirituais para todos que o lerem. Que esta devoção sublime ilumine sua caminhada de fé, fortaleça sua alma e os ajude a crescer na santidade, tornando-se cada vez mais dignos das promessas de Cristo. Que a Virgem Maria os acompanhe e guie sempre!

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Referências